Em meio à cabo de guerra com irmão, candidato à Presidência pelo PDT em 2022 criticou Ministério da Educação por liberação de 95 novos cursos de medicina
Em um cabo de guerra com o seu irmão, o senador Cid Gomes, que busca aproximação com o Partido dos Trabalhadores (PT), o ex-ministro Ciro Gomes fez novas críticas a um aliado do presidente Lula (PT). Durante o seu podcast "Brasil Desvendado", Ciro se referiu ao ministro da Educação e ex-governador do Ceará, Camilo Santana (PT), como o "maior traidor da história".
O candidato à Presidência pelo PDT nas eleições do ano passado criticou o anúncio do ministro, feito em outubro, que autorizou a abertura de 95 novos cursos de medicina no país:
— O atual ministro da Educação, que é um cearense aqui ilustre, para mim é a maior decepção, maior traidor da história. Enfim, esse é um assunto paroquial aqui. O ministro autorizou a abertura de 95 novos cursos de medicina todos privados. Sabe quanto custa a mensalidade de um curso de medicina sem nenhuma exigência de qualidade? Dez, 12 mil reais. Sabe quem vai pagar isso? O Tesouro Nacional. Esse é o socialismo do PT — disse Ciro Gomes. De acordo com o pedetista, uma melhor solução seria fortalecer as universidades federais.
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A declaração de Ciro ocorre em meio a uma briga com Cid por discordarem sobre os rumos do PDT. O senador defende que a sigla seja base do governo do petista Elmano de Freitas, sucessor de Camilo no estado, enquanto os cidistas preferem a oposição. Por este motivo, a tensão entre os irmãos escalonou. Nas últimas semanas, 18 deputados e 43 prefeitos da ala de Cid pediram para deixar o partido.
Neste contexto, Cid Gomes está de saída do PDT e avalia a possibilidade de se filiar ao PT. Na sexta-feira, Camilo Santana afirmou que a legenda está de "portas abertas" para o parlamentar.
– Eu estive com o presidente Lula esta semana, e ele me pediu para fazer o convite ao senador Cid, que as portas do partido estão abertas caso ele queira se filiar ao PT — declarou Camilo ao participar da inauguração de uma obra em Fortaleza.
No entanto, há algumas rusgas entre o senador e o Planalto. Cid foi indicado pelo governo para compor a mesa da CPI do 8 de janeiro, na função de primeiro vice-presidente. O parlamentar, no entanto, não esteve em grande parte das sessões e sequer votou no relatório final formulado pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA), aliada de Lula.
Em outras ocasiões importantes para Lula, ele também se absteve, como na votação da Reforma Tributária, que ocorreu na semana passada. Na ocasião, estava em Fortaleza, em um encontro com sua ala do PDT em que concedeu 18 cartas de anuência para deputados federais e estaduais deixarem o partido. Ele também faltou à sessão do Senado em que a Casa aprovou a indicação de Cristiano Zanin para o o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
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Os desencontros não começaram neste ano. Um dos episódios mais marcantes ocorreram entre o primeiro e segundo turno das eleições de 2018, durante um evento do então candidato à Presidência pelo PT e atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ao ser interrompido por um militantes enquanto discursava, Cid se irritou e disse que “Lula tá preso, babaca”.
Fonte: O Globo