26 de Abril de 2024 - Ano 10
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Internacional
31/01/2020

Entenda como a China pode construir um hospital em 10 dias

Foto: Arek Rataj / AP Photo

Duas unidades montadas a partir de pré-fabricados no epicentro do coronavírus, a cidade de Wuhan, deverão receber, juntas, mais de 2 mil pessoas.

Wuhan, cidade na China epicentro do surto do novo coronavírus, chamou atenção do mundo ao anunciar na semana passada a construção de dois novos hospitais para dar conta da crise de saúde.

 

A expectativa é que o primeiro deles comece a funcionar nesta segunda-feira (3) — apenas dez dias depois do início das obras.

 

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E como isso seria possível?

 

Segundo o governo chinês, a resposta está no uso de construções pré-fabricadas para abrigar as centenas de leitos. Módulo a módulo, os hospitais vão sendo montados a partir das peças que chegam das fábricas ou depósitos.

 

Operários instalam peças pré-fabricadas para montar os módulos do hospital Huoshenshan. Unidade em Wuhan, na China, atenderá pacientes com o novo coronavírus — Foto: Chinatopix via AP

 

Imagens da emissora estatal chinesa CGTN mostraram dezenas de tratores nivelando o solo para receber os blocos pré-fabricados. Enquanto os primeiros módulos eram montados, operários preparavam a rede elétrica do novo local.

 

Além disso, as autoridades de Wuhan mantiveram o ritmo de construção dia e noite. Mais de mil pessoas trabalham nas duas obras, segundo a imprensa estatal.

 

Uma transmissão ao vivo da construção está disponibilizada pela TV oficial do regime chinês. Segundo a CGTN, mais de 27 mil pessoas assistiram ao vídeo em 29 de janeiro.

 

Foto aérea mostra escavadeiras no canteiro de obras do novo hospital dedicado a pacientes do novo coronavírus em Wuhan. — Foto: STR/AFP

 

O uso dos pré-fabricados repete um método que a China usou para conter outro surto, muito semelhante ao do novo coronavírus: em 2003, em meio à crise do vírus da Sars, Pequim correu para construir um hospital temporário, também feito com peças pré-fabricadas (leia mais no fim da reportagem).

 

Desde o fim de dezembro, centenas de pessoas morreram por causa do novo coronavírus, que infectou milhares de pacientes em diferentes partes do mundo. Em meio à crise, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou na quinta-feira (30) emergência internacional.

 

Raio-x dos hospitais


Veja abaixo mais detalhes sobre os dois novos hospitais em construção em Wuhan, segundo dados da TV estatal CGTN.

 

Hospital Huoshenshen

Área: 25 mil metros quadrados


Capacidade: 1 mil leitos


Início da construção: 25 de janeiro


Início do funcionamento: 3 de fevereiro


Significado do nome: Monte do Deus Fogo

 

Foto desta quinta-feira (30) mostra canteiro de obras do Leishenshan, novo hospital de Wuhan, na China, com capacidade para 1,3 mil leitos que atenderá pacientes com o novo coronavírus — Foto: Xiao Yijiu/Xinhua via AP

 

Hospital Leishenshan

Área: 30 mil metros quadrados


Capacidade: 1,3 mil leitos


Início da construção: 25 de janeiro


Início do funcionamento: 5 de fevereiro


Significado do nome:
Monte do Deus Trovão

 

Hospitais de campanha

 

Tendas de hospital de campanha montadas em 2019 no DF para atender pacientes com suspeita de dengue — Foto: Breno Esaki/Saúde-DF

 

O professor Gerson Salvador, infectologista da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), explica que o modelo dos novos hospitais de Wuhan se aproxima dos hospitais de campanha. E o que é isso?

 

"Esses hospitais de campanha são estruturas provisórias para atender as pessoas quando há guerras e grandes epidemias", explica.

 

Grupo trabalha na terça-feira (28) em local onde será montado hospital Huoshenshan, em Wuhan, na China, para receber pacientes com o novo coronavírus  — Foto: Chinatopix via AP

 

A diferença, explica o especialista, é que geralmente hospitais de campanha atendem menos gente e são feitos em toldos ou construções mais precárias. Em um surto em uma cidade de 11 milhões de habitantes como Wuhan, é preciso usar uma estrutura mais robusta — algo que os pré-moldados conseguem atender.

 

"Fora da China, não existe nada igual ao modelo que eles estão usando", afirma Salvador.


Segundo o professor, a tendência é que, com o tempo e os devidos cuidados, o número de atendimentos para os casos do novo coronavírus deverá diminuir. Por isso, esses hospitais emergenciais servem para resolver o problema enquanto durar a crise.

 

Experiência chinesa

 

Homem participa de reforma do hospital Xiaotangshan, em Pequim (China). Unidade recebeu pessoas com Sars em 2003 e agora se prepara para atender pacientes com o novo coronavírus — Foto: Peng Ziyang/Xinhua via AP

 

O modelo da construção dos novos hospitais em Wuhan segue a corrida para concluir o hospital Xiaotangshan em Pequim, em 2003. Em meio ao surto de Sars — outro tipo de coronavírus —, a capital chinesa instalou às pressas uma unidade de saúde que, segundo autoridades locais, ficou pronta em ainda menos tempo: sete dias.

 

De acordo com o governo chinês, o hospital Xiaotangshan atendeu um sétimo dos pacientes com Sars de todo o país em um espaço de dois meses.

 

"A China copiou de si mesma a experiência de construir um hospital para mil leitos", comenta o professor e infectologista Gerson Salvador, da USP.

 

Começou nesta quinta-feira (30) reforma de antigo hospital em Pequim, na China, usado para atender pacientes com a Sars — Foto: Peng Ziyang/Xinhua via AP

Fotos: Reprodução

 

Segundo reportagem da BBC, o local contava com um espaço para raio-x, uma unidade de terapia intensiva e laboratório. O Xiaotangshan acabou abandonado, aos poucos, de acordo com a emissora britânica.

 

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Porém, a agência estatal chinesa Xinhua informou na quinta-feira que o hospital construído às pressas em Pequim para dar conta do surto de Sars deve ser reativado. As reformas do Xiaotangshan começaram e devem ficar prontas nos próximos dias também para dar conta dos pacientes infectados com o novo coronavírus.

 

G1

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