17 de Junho de 2024 - Ano 10
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Meio Ambiente
14/03/2024

Espécies de preguiça podem desaparecer da Mata Atlântica devido ao uso de terras para agricultura e desmatamento

Foto: Reprodução

Estudo de instituto do Espírito Santo junto com a USP apontou que hoje existe mais pasto do que floresta nativa, o que faz com que o habitat natural de duas espécies diminua consideravelmente entre ES e RJ e BA e SE

Um estudo apontou que duas espécies de preguiças, que já estão em perigo de extinção, estão ainda mais ameaçadas pela perda de habitat natural, principalmente por causa do desmatamento e uso de terra para atividades pecuárias e agrícolas. São duas espécies de preguiças-de-coleira Bradypus crinitus e Bradypus torquatus. A primeira ocorre principalmente na Mata Atlântica entre Espírito Santo e Rio de Janeiro, e a outra, entre Bahia e Sergipe.

 

Pesquisadores do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA), que fica em Santa Teresa, no Espírito Santo, além da Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) revelaram que, atualmente, já existe mais pasto do que floresta nativa na área de distribuição onde vivem as espécies de preguiças-de-coleira Bradypus torquatus e Bradypus crinitus.


A pesquisa analisou que nos últimos 30 anos as espécies endêmicas da Mata Atlântica têm sido afetadas diretamente pela mudança do uso da terra.

 

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A conclusão foi de que, do total de mata nativa onde as duas espécies de preguiça viviam, a maior parte (mais de 50%) virou área de pecuária ou foi desmatada, restando pouco território para sobrevivência desses animais. E são justamente o desmatamento e uso da terra para fins agropecuários as principais causas de perda de habitat para as preguiças.

 

Em números, o que sobrou de habitat natural das preguiças já representa menos de 40% em uma área que antes era coberta inteiramente por Mata Atlântica. Dessa forma, os pesquisadores relataram que é possível ter uma ideia de quanto a população foi reduzida aos longo dos anos.

 

Pesquisadores analisaram como as preguiças perderam habitat nos últimos 30 anos — Foto: Paloma Santos

Pesquisadores analisaram como as preguiças perderam

habitat nos últimos 30 anos (Foto: Paloma Santos)

 

Além da pecuária, a expansão urbana (residenciais e comerciais), agricultura e exploração madeireira, incluindo também queimadas e mineração, interferiram para deixar as espécies ainda mais ameaçadas.

 

A espécie Bradypus crinitus ocorre no Espírito Santo e Rio de Janeiro, e Bradypus torquatus é registrada na Bahia e em Sergipe. O estudo foi realizado pelos pesquisadores Paloma Santos (Instituto Nacional da Mata Atlântica - INMA e Instituto Tamanduá), Juliano Bogoni (UFMS/UNEMAT) e Adriano Chiarello (USP) é recém-publicado na revista internacional Mammal Review. Foi veiculado em janeiro de 2024.

 

“Sem dúvida, a perda de habitat é a principal ameaça para as espécies de preguiças Bradypus torquatus e Bradypus crinitus, já que são animais de hábito estritamente arborícola e folívoro (herbívoro com uma alimentação especializada à base de folhas). Ou seja, dependem das árvores para desempenhar todas as suas atividades diárias. Sendo um animal que depende exclusivamente das árvores, com a falta de floresta, a espécie fica bastante vulnerável", explicou Paloma.

 

No estudo, os pesquisadores analisaram a distribuição espacial e temporal dos principais vetores de ameaça antrópica para as duas espécies. O estudo reuniu informações sobre o uso e cobertura da terra associada aos principais riscos às preguiças no intervalo de três gerações (1988 a 2020), para quantificar a área atual ocupada, mudanças temporais, heterogeneidade e intensidade dos vetores de ameaças ao longo da distribuição das espécies.

 

"Apesar de conseguirem conviver, até certo ponto, em espaços minimamente modificados, as grandes áreas de criação de gado que substituem a floresta interferem na ecologia e no comportamento das preguiças-de-coleiras, devido à sua alta dependência de florestas. Com isso, na busca de novas áreas florestais, muitas vezes são forçadas a cruzar longas áreas de pastagens ou outras áreas antropizadas, ficando expostas a predadores (como cão doméstico, por exemplo) e gastando mais energia para buscar alimento e abrigo”, comentou a pesquisadora do INMA.

 

As duas espécies ameaçadas são endêmicas da Mata Atlântica — Foto: Paloma Santos

As duas espécies ameaçadas são endêmicas

da Mata Atlântica (Foto: Paloma Santos)

 

Outro ponto analisado no estudo é que por mais que uma regeneração florestal tenha sido feita nos últimos 30 anos, no total, a área desmatada foi maior que a área regenerada. Ou seja: o reflorestamento não dá conta de repor a quantidade de área desmatada.

 

Mesmo assim, é importante se investigar se essas áreas regeneradas podem fornecer recursos e condições adequados para as espécies, uma vez que, normalmente, as florestas tropicais podem levar quase 100 anos para atingir uma estrutura complexa, destacou a pesquisadora.

 

“O aumento do desmatamento da Mata Atlântica, principalmente entre 2019 e 2022, demonstra um provável descumprimento da Lei da Mata Atlântica, que regulamenta o uso da terra nos limites do domínio. De acordo com a lei, as áreas de vegetação nativa secundária podem ser suprimidas se forem de interesse público e devem ser compensadas. Portanto, é necessário determinar se a retirada da cobertura vegetal está dentro da lei para evitar futuros desmatamentos”, alertou Paloma.

 

Preguiças dependem das árvores para desempenhar todas as suas atividades diárias — Foto: Paloma Santos

Preguiças dependem das árvores para desempenhar todas

as suas atividades diárias (Foto: Paloma Santos)

 

A conclusão apontada pelo estudo é que a preservação e compensação das áreas deficitárias em toda a Mata Atlântica são essenciais para atingir os principais objetivos de conservação e garantir a manutenção da biodiversidade a longo prazo.

 

Os autores apontaram que o uso de certificados de sustentabilidade agrícola podem incentivar os proprietários de terras a cumprir melhor a regulamentação ambiental.

 

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“O futuro exigirá um melhor planejamento da utilização urbana e econômica do solo, não só para reduzir a perda de habitat e conservar os recursos naturais, mas também para permitir importantes processos de regeneração florestal para garantir a viabilidade a longo prazo das populações selvagens, como as preguiças-de-coleira”, destacou a pesquisadora. 

 

Fonte: G1

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