A estratégia da defesa do rapper e produtor Sean “Diddy” Combs, acusado de tráfico sexual, é pintar Casandra “Cassie” Ventura”, ex-namorada do acusado e principal testemunha do julgamento, como uma pessoa “violenta e agressiva”, “capaz de iniciar confrontos físicos”, afirmou a revista americana Variety.

O objetivo dos advogados de Diddy, segundo a reportagem, é enfraquecer a narrativa da promotoria de que Cassie foi “coagida” a manter relações sexuais apresentando-a como uma mulher “forte”, dona de uma “natureza violenta”.

A promotoria, por sua vez, argumenta que os incidentes citados pela defesa são estranhos ao processo. Inclusive, o juiz do caso, Arun Subramanian questionou se a alegação da defesa, de que Cassie teria sido “violenta” em certas ocasiões, é relevante para as acusações de tráfico sexual e coerção que pesam sobre Diddy. “Pessoas fortes podem ser coagidas assim como pessoas fracas”, afirmou o juiz.

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Marc Agnifilo, principal advogado de defesa, disse que “com certeza a violência teve um papel enorme no relacionamento” de Diddy e Cassie, o que revela “traços de caráter pertinentes” da ex-namorada do acusado. O juiz ainda não decidiu se esse tipo de argumentação será permitida.

Cassie e Diddy se relacionaram entre 2007 e 2018. Ela o acusou de estupro e abuso em um processo civil movido em 2023 e que resultou num acordo entre as partes. Diddy nega as acusações.

Um vídeo divulgado pela CNN supostamente mostra Diddy agredindo Cassie e arrastando-a por um corredor. O vídeo em si não será usado no julgamento, mas algumas imagens serão exibidas aos jurados. Cassie deve testemunhar na semana que vem. O júri ainda não foi oficialmente definido. Os 43 jurados potenciais serão convocados na manhã desta segunda-feira (12).

O julgamento de começou na última segunda (5), em Nova York, e deve durar pelo menos oito semanas. Os jurados em potencial foram questionados sobre seu conhecimento prévio do caso, suas opiniões sobre Diddy e se haveria algum motivo que os impedisse de emitir um julgamento justo e imparcial. Eles também receberam uma lista com mais de 190 nomes de pessoas e locais e precisaram responder se conheciam pessoalmente algum deles.

Diddy enfrenta cinco acusações criminais: uma por associação criminosa, duas por tráfico sexual e duas por transporte com intenção de promover a prostituição. Se condenado, pode passar o resto da vida na prisão.

Desde 2023, o magnata da música já foi alvo de mais de 70 processos civis que o acusam de conduta sexual imprópria, de estupro a tráfico sexual. Esses processos são separados do julgamento atual.

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Após entrevistar mais de 50 testemunhas e recuperar provas de mais de 100 dispositivos eletrônicos, os promotores pretendem retratar Diddy como um abusador em série que liderava uma ampla rede criminosa sustentada por assistentes, seguranças e outros funcionários que permaneceram em silêncio durante anos. Os crimes teriam sido cometidos entre 2004 e 2024. Diddy nega todas as acusações e insiste que todas as relações sexuais foram consensuais. 

Fonte: O Globo