Medida de Javier Milei ocorre no Dia Nacional da Memória pela Verdade e a Justiça e gera debate sobre política de direitos humanos no país
O governo da Argentina, sob administração de Javier Milei, anunciou, nesta segunda-feira (24/3), que vai retirar sigilo e liberar para consulta pública documentos militares da ditadura (1976-1983). A decisão foi divulgada pelo porta-voz da presidência, Manuel Adorni, e coincide com o Dia Nacional da Memória pela Verdade e a Justiça, data que marca os 49 anos do golpe militar.
Os documentos estavam sob sigilo da Agência Federal de Inteligência e serão transferidos para o Arquivo Nacional. Segundo Adorni, a medida busca encerrar a “opacidade que cercou esses registros por décadas” e garantir transparência sobre o período.
“Essa administração defende que o que aconteceu no passado deve permanecer nos arquivos da história, e por isso termina com a opacidade que rodeou durante décadas os documentos e os coloca à disposição da sociedade”, disse o porta-voz.
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Além da abertura dos arquivos, o governo do presidente Javier Milei vai na contramão de afirmações históricas sobre organizações de direitos humanos na Argentina, relacionadas à ditadura, incluindo o número de mortos e desaparecidos pelo regime militar. A cifra oficial é de aproximadamente 8.600 mortes, entretanto, desde a década de 1990, tais organizações calculam que seria ao menos 30 mil pessoas. Milei afirma que o número não condiz com a verdade.
Esta decisão reforça a postura do governo Milei em relação à memória da ditadura. A administração já reduziu investimentos em órgãos de direitos humanos e questiona o número de 30 mil mortos e desaparecidos defendido por organizações como as Mães e as Avós da Praça de Maio.
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A iniciativa gerou reações. Setores da sociedade civil e grupos de direitos humanos acusam o governo de promover um revisionismo histórico e de buscar equivalência entre a repressão do Estado e ações de grupos armados, tese conhecida como “teoria dos dois demônios”. Já a Casa Rosada argumenta que pretende ampliar a transparência e garantir uma “memória completa” sobre o período.
Fonte: Metrópoles