Hotel em Nova Délhi teve determinação da Justiça para acolher pacientes de Covid-19
Grávida de nove meses e com sintomas de Covid-19, Neelan Gautan percorreu oito hospitais em busca de atendimento, num périplo por Nova Délhi que durou 15 horas e só terminou com sua morte e a do bebê.
Sem leitos suficientes para lidar com o ritmo acelerado com que a pandemia vem implodindo o sistema de saúde, a capital da Índia vai transformar 25 de seus hotéis de luxo em centros de emergência para atender pacientes com sintomas do novo coronavírus.
A imagem de salões de festas repaginados como enfermarias reflete a gravidade da doença. O governo de Nova Délhi foi o primeiro a requisitar as instalações hoteleiras como hospitais, já prevendo que necessitará de 150 mil leitos até o fim de julho para dar conta de 500 mil infectados.
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A propagação do novo coronavírus se intensificou nos últimos dias na Índia, que, com 440 mil infectados, agora ocupa o quarto lugar em número de casos, atrás dos EUA, Brasil e Rússia, e oitavo em número absoluto de mortos.
O governo atribui esta subida repentina -- num só dia houve 14 mil novos registros -- ao aumento de testagens, a mesma justificativa dada pelo presidente Donald Trump nos EUA.
A tese, contudo, é descartada pelo chefe de emergências da Organização Mundial de Saúde, Michael Ryan: aumentos acentuados de internações e mortes não podem ser creditados à intensificação de testes. “Os números sobem porque a epidemia está se desenvolvendo em vários países populosos ao mesmo tempo”, constata.
Com 1,3 bilhão de habitantes, a Índia tem 226 casos oficiais para cada milhão de pessoas. É uma cifra modesta, levando-se em conta a superpopulação. Mas o colapso do sistema de saúde indica que a doença é subnotificada.
O país entrou em março numa rígida quarentena e, após 70 dias, começou a flexibilizar as restrições. Há pouco mais de dez dias, escritórios voltaram a funcionar, assim como transportes públicos. Diante do recorde no número de infectados, o primeiro-ministro Narendra Modi cogita a possibilidade de trancar novamente o país.
Em algumas regiões, os bloqueios foram retomados. O ministro-chefe do estado de Karnataka, BS Yediyurappa, admitiu que poderá decretar lockdown na capital Bangalore. Seu antecessor, HD Kumaraswamy, dá uma medida da pressão para que a quarentena seja retomada por, pelo menos, 20 dias: “Se a cidade não for totalmente desligada, ficará como o Brasil.”
G1