Jairinho foi preso no dia 8 de abril, pela morte de Henry Borel, caso que culminou em investigações sobre agressões a filhos de ex-namoradas
O delegado Adriano Marcelo Firmo França, titular da Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV), indiciou o médico e vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (sem partido), pelo crime de tortura majorada contra a filha de uma ex-namorada sua. As agressões foram relatadas pela mãe e a avó da criança ao delegado Henrique Damasceno, titular da 16ª DP (Barra da Tijuca), durante o inquérito que apura a morte de Henry Borel Medeiros, de 4 anos, do qual são testemunhas, e seus termos de declaração foram encaminhados à especializada, onde foram abertos dois outros procedimentos investigativos. Na DCAV, a menina confirmarou as violências. Foi feito um pedido de prisão preventiva do parlamentar. A pena por esse crime pode chegar a oito anos de reclusão.
— Esse caso serve para ratificar o perfil violento do Dr. Jairinho contra crianças e filhas de pessoas com as quais ele tem relacionamento amoroso — diz o delegado Felipe Curi.
A criança foi ouvida na DCAV. Ela é filha de uma cabeleireira que conheceu Jairinho em 2010 e chegou a ficar noiva do vereador, com quem manteve um relacionamento até 2014. A menina, hoje com 13 anos, contou ter tido a cabeça batida pelo então padrasto contra a parede do box de um banheiro e até ter sido pisada por ele nos fundos de uma piscina para que não conseguisse levantar e respirar.
Veja também
Caso Henry: filho de ex-namorada de Jairinho voltou com o fêmur quebrado após sair com o vereador
Polícia investiga acusações de tortura de Jairinho a outras duas crianças
A avó da criança, que também foi ouvida pelos investigadores, relatou que, ao questionar o vereador sobre um machucado na testa da menina, ele respondeu que o ferimento foi provocado por uma batida no console do carro após uma freada brusca durante ida a um shopping.
— Felizmente essa criança vítima dessa investigação não teve o fim trágico do menino Henry, mas ela sofreu sérias violências — compara Curi.
Em outra ocasião, disse a avó, a garota chegou com o braço imobilizado e Jairinho disse que ela teria se lesionado durante as aulas de judô. O professor da academia, também em depoimento, negou ter recordações desse episódio. A avó ainda disse ter estranhado o comportamento da neta quando ela a agarrou e, chorando e vomitando, pediu para que não a deixasse sair sozinha com Jairinho. Cerca de oito meses depois, ao assistir a um programa de televisão que abordava casos de violência doméstica, a menina admitiu as agressões que sofrera.
— Ele agia de forma clandestina e sem testemunhas. Essa criança confirmou as agressões do indiciado. Além das provas e dos depoimentos, outras provas testemunhais, todas as versões do Jairinho, feito no dia da prisão, foram derrubadas. Em determinado momento ele diz que não estava com a criança, mas as provas demonstram o contrários — afirma o delegado Adriano França.
Ao ser preso por policiais da 16ª DP, no dia 8 de abril, pela morte do enteado, Henry Borel, Jairinho prestou depoimento ao delegado Adriano Marcelo Firmo França, titular DCAV, e negou as acusações feitas pela ex-namorada. Em relação à filha da cabeleireira, o vereador disse que eles tinham uma relação “amistosa” e não mantinha com ela “grau de intimidade”, negando que tenha saído sozinho com a criança ou a levado a qualquer lugar que tivesse piscina. Ele também contestou as informações de que teria torcido o braço dela, dado “mocas” em sua cabeça e colocado um saco em seu rosto para sufocá-la.
Curtiu? Siga o PORTAL DO ZACARIAS no Facebook, Twitter e no Instagram.
Entre no nosso Grupo de WhatApp.
— O perfil do Jairinho era violento e carinhoso ao mesmo tempo. Ele fazia as agressões na clandestinidade. Eram todas sorte de agressões: chutes, socos, torções, afogamentos — diz o delegado Adriano França.
Fonte: O Globo