*Por Lúcio Carril - Assembleia legislativa do Amazonas aprovou projeto de lei que torna cultos religiosos essenciais em períodos de calamidade pública, como a pandemia que enfrentamos.
A justificativa da proposta é estapafúrdia, assim como é irresponsável a sua aprovação.
O projeto de lei é de autoria do deputado estadual João Luiz (Republicanos) e foi subscrita pelos deputados Felipe Souza (Patriotas), Josué Neto (PRTB) e Delegado Péricles (PSL) e seguiu para a sanção do governador Wilson Lima (PSC).
A liberdade religiosa está garantida na Constituição Federal, mas o princípio da tutela da vida se sobrepõe a qualquer garantia coletiva e individual. Por natureza, antes dos contratos sociais e do poder político, a vida é um bem supremo.
Qualquer aglomeração nesse momento é um atentado contra a vida. A Assembleia Legislativa, na sua maioria, principalmente o presidente da Casa, Josué Filho, agiu de forma irresponsável e eleitoreira, sem considerar o risco que põe o povo do Amazonas diante da situação caótica da saúde.
Não por acaso o presidente do Legislativo amazonense é conhecido como o "Anjo da Morte", dada a sua afinidade com o coronavírus, sempre buscando criar facilidade para a ação letal do vírus.
Josué Neto deve sentir prazer com as mortes que enlutam as famílias do nosso Estado.
A disputa política faz parte da democracia, mas não a ação criminosa para se alcançar o poder.
É preciso ter um limite no ímpeto doentio de políticos como Josué Neto. Não podemos permitir que ele leve a Casa do Povo a atentar contra a vida do povo.
Sei que existem ordens religiosas que primam pela vida e pela responsabilidade social e não permitirão a reunião em seus templos.
É preciso mostrar aos deputados do Amazonas que o oportunismo não pode vilipendiar a fé e desprezar a vida.
*Lúcio Carril é sociólogo, ex-secretário executivo da Secretaria de Política Fundiária do Estado do Amazonas, ex-delegado federal do Ministério do Desenvolvimento Agrário e especialista em gestão e políticas públicas pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.