Ao tentar registrar ocorrência, ela acabou detida por 2 horas
Um vídeo gravado na tarde de segunda-feira (14/6), em Águas Claras (DF), mostra uma jovem de 17 anos acusando homens de importunação sexual. A situação ocorreu na Rua 9 Sul, por volta de 12h30, em frente a uma pizzaria, e reuniu populares.
Ao tentar registrar ocorrência, a jovem disse que acabou sendo detida por desacato. “Como mulher, a gente perde fisicamente e perde no sistema”, lamentou.
Segundo o operador de cobrança Luiz Fernando da Silva, 30 anos, que testemunhou o momento, três homens teriam chamado a jovem de “gostosa” e “piranha” enquanto ela passava na rua comercial.
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“Eu estava indo cortar o cabelo e ela passou na frente. Havia três homens perto de uma obra e a chamaram de ‘gostosa’. Aí, ela os chamou de ‘babacas’. Nisso, um deles disse: ‘É o que, sua piranha?’. Aí, ela voltou e vieram os três pular a grade para bater nela”, relatou.
“Peguei meu celular para filmar e já vieram correndo para cima de mim. Só que é um lugar que tem um monte de loja, todo mundo viu que ela foi assediada”, completou.
A adolescente de 17 anos contou que depois do ocorrido passou em duas delegacias: a 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul) e a Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA). De acordo com ela, após enfrentar dificuldades para registrar o boletim na 21ª DP, procurou a DCA, por ser menor. Segundo a garota, lá, ela ficou detida por quase duas horas.
“Vai ter que ter uma audiência, porque ele [suspeito] foi lá falar que sofreu injúria racial… Ele fez um boletim de ocorrência contra o meu pai, que nem estava na hora [da discussão]”, contou. “Eu me senti ofendida e queria dar queixa. Mas como xinguei ele de volta, lógico que não teve essa parte racial, o policial falou que ele também estava no direito dele, então que ninguém era vítima. Nessa hora eu até ri”, completou.
“O homem que me chamou de piranha mentiu e disse na delegacia que eu tinha cometido injúria racial contra ele, o que não aconteceu. O policial falou que eu deveria fazer um acordo com o assediador. Eu achei aquilo ridículo e ri na cara do policial, respondendo em tom de deboche. Ele me mandou ficar na cela por duas horas porque teria desacatado uma autoridade”, afirmou, revoltada.
A adolescente narra ainda que, depois de sair da DCA, voltou para a 21ª DP, para tentar concluir a queixa em relação à suposta importunação sexual. No entanto, segundo a Polícia Civil do DF (PCDF), o boletim feito na delegacia consta como registro de injúria contra um homem de 36 anos. “Conforme nossos sistemas, foi registrado primeiramente flagrante de injúria racial, na DCA 2, e posteriormente injúria, na 21ªDP”, informou a corporação.
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“Se não fosse o casal que presenciou a discussão, os três homens que me assediaram provavelmente teriam me agredido. Depois disso, falaram que não podiam fazer nada na delegacia. Como mulher, a gente perde fisicamente e perde no sistema. Uma policial mulher me falou que a próxima vez que eu fosse assediada, deveria ignorar e seguir em frente”, lamentou a jovem.
Fonte: Metrópoles