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02/02/2021

Luísa Sonza: 'Talvez ser braba seja isso, apenas ser mulher'

Foto: Reprodução

Luísa Sonza

Nos primeiros anos da década de 2000, o casal Eliane e Cézar Sonza mantinha uma tradição de férias. Quando julho batia na porta, eles deixavam o rigoroso inverno na pequena Tuparendi, no Rio Grande do Sul, rumo à fazenda de familiares em Canarana, Mato Grosso, em uma jornada de 3 mil quilômetros. No banco de trás do carro, a pequena Luísa, filha do produtor rural e da professora de educação física, seguia atenta às belezas da estrada e, mais ainda, aos sinais de sono do pai ao volante. “Ele pedia para eu cantar para a gente ficar acordado”, recorda ela. A aventura durava até três dias, entre paradas para descanso e horas rodadas a fio. “Foi assim até os meus 7 anos. Tenho a lembrança de ficar com a cabeça entre os bancos ou escorada perto do meu pai, e a gente cantando por dias.” Nascia ali uma das cantoras mais famosas do Brasil.

 

Duas décadas depois da primeira viagem, sentada no camarim no estúdio onde foram feitas as fotos que estampam esta edição, Luísa Sonza toma chimarrão e observa os movimentos da cadelinha Gisele Pinscher, que se aconchega tranquilamente no sofá ao lado, enquanto é maquiada. “São as duas coisas indispensáveis e necessárias para minha vida acontecer”, afirma, sobre o chimarrão e a pet. Na conversa pelo Zoom feita de sua casa em São Paulo exatamente um mês depois, lá está Luísa novamente com a cuia. Nas duas horas seguintes de conversa, enquanto passeia por sua trajetória, ela fala com orgulho das raízes. “Gostava de seguir as tradições gaúchas, mas do meu jeito. Em vez de me vestir de prenda, como as meninas faziam, usava as masculinas bombachas.”

 

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Aos 22 anos, Luísa soma 15 de carreira. Embora cantasse em festivais da escola praticamente desde quando aprendeu a falar, foram os dez anos de palco com o grupo vocal Sol Maior, só de meninas, a sua formação. Dos 7 aos 17, ela se apresentou em todo tipo de evento em Tuparendi e encarou os perrengues costumeiros do baixo orçamento – banheiros públicos ou até mesmo o espaço atrás de árvores faziam as vezes de camarim para a troca de figurinos. “Foi uma escola. Acho que, se eu não tivesse vivido isso, não teria tanta maturidade para lidar com as responsabilidades que tenho hoje”, avalia. Por responsabilidades, entenda-se estar à frente da própria carreira. “Ela sempre teve voz ativa. Na escola, defendia o direito de todo mundo. Foi presidente do grêmio estudantil, arrecadou recursos para a biblioteca, para reformar o ginásio e o auditório. Já era uma empreendedora e líder nata”, conta a mãe, Eliane Gerloff.

 

Nessa mesma época, na adolescência, passou a publicar vídeos no Instagram com suas versões para músicas conhecidas, buscar contatos e implorar a produtores musicais por uma chance. E ela, que até então vivia a fama em uma cidade de 8 mil habitantes onde “todo mundo se conhece”, adentrou a terra sem lei que é a internet. Em 2017, veio o primeiro grande reconhecimento ao vencer a categoria Melhor Cover da Web no Prêmio Multishow. “Nada foi fácil. A gente enfrentou tudo. Doen­ças, dificuldades financeiras...”, lembra o pai, Cézar Sonza.

 

Luísa Sonza para Marie Claire (Foto: Bruna Castanheira)

 

De lá para cá, Luísa emendou um sucesso em outro. Os singles “Rebolar”, “Devagarinho”, “Boa Menina” e o álbum Pandora foram os primeiros degraus. Com “Combatchy” (feat. com Anitta, Lexa e MC Rebecca, no fim de 2019), deu um passo mais largo. Mas foi com “Braba”, lançada em março do ano passado, seu maior avanço. “Foi uma grande virada de chave na minha vida. ‘Braba’ tornou-se a música solo mais tocada no Brasil, e eu vi que tinha chegado a algum lugar”, pondera. Hoje, ela soma mais de 5 milhões de inscritos em seu canal no YouTube e passa de 21 milhões de seguidores no Instagram.

 

O ano passado exigiu mais ainda de sua força. Enquanto o mundo parou em meio à pandemia do novo coronavírus, Luísa viveu uma avalanche pessoal. Anunciou em abril o fim da união com o humorista Whindersson Nunes, com quem se casou em 2018, e quatro meses depois assumiu namoro com o cantor Vitão, seu parceiro na música “Flores”, lançada em junho. Foi o suficiente para os dois serem metralhados no tribunal da internet. Ela, acusada de infiel. Ele, de “talarico” (termo pejorativo para quem se envolve com uma pessoa comprometida). “A gente se aproximou no lançamento de ‘Flores’, e não na gravação, como acham”, diz. “Inclusive, a fala do Victor foi totalmente deturpada”, garante, referindo-se a uma entrevista dada pelo cantor ao influenciador Hugo Gloss, na qual afirmou que os dois “já estavam se gostando” na ocasião do lançamento. A declaração rendeu uma indireta do ex-marido no Twitter. O clipe chegou a ser alvo de um mutirão de dislikes no YouTube. Em meio à polêmica, o vídeo tornou-se um sucesso inegável – ultrapassou a marca de 100 mi­lhões de visualizações nos seis primeiros meses no ar. E sua firmeza fez Vitão se apaixonar ainda mais. “Luísa representa força para todas as mulheres injustiçadas”, derrete-se.

 

A experiência de Luísa com haters vem de longa data. Aos 17, chegou a ser diag­nosticada com depressão, logo após vir a público seu relacionamento com Whindersson, em 2016. Naquele ano, o piauense foi considerado o novo fenômeno do humor no Brasil e seu canal tornou-se o maior do YouTube no país, superando o Porta dos Fundos, que lidera­va o ranking até então. Já Luísa, dando seus primeiros passos no estrelato, foi tachada de interesseira. “Não soube lidar com isso. Eu era uma menina de 17 anos, do interior. Lá, as pes­soas se conhecem e sabem do seu caráter. Aí você percebe que o mundo não é tão lindo”, desabafa. “Foi uma das épocas mais difíceis da minha vida, eu não estava preparada para ser atacada daquela forma.” Mas, com o apoio da família, dos amigos e de muita terapia, ela deu a volta por cima.

 

Luísa Sonza e Vitão para Marie Claire (Foto: Bruna Castanheira)

Fotos: Reprodução 

 

Quando decidiu pôr fim ao relacionamento, já estava calejada. Hoje, acredita que os ataques apenas refletem o machismo estrutural, “essa ideia de que a mulher não pode seguir em frente, não pode fazer o que quiser”, além da espetacula­rização do público, que adora idealizar a vida de artistas. “Me senti cansada e triste por viver em uma sociedade tão doente.”

 

Luísa encerrou o turbulento 2020 como a segunda artista feminina mais ouvida no Spotify Brasil e a terceira no ­ranking geral no país. No apagar das luzes do ano, lançou “Modo Turbo”, transformando a si, Anitta e Pabllo Vittar em personagens de game no clipe. “Três anos atrás, eu estava fazendo cover delas. É uma pressão que vem com uma gratidão muito grande, uma responsabilidade que qualquer um queria”, diz. Sua re­trospectiva teve ainda uma apresentação icônica no Prêmio Multishow, quando finalizou sua performance com um discurso pedindo justiça para mulheres vítimas de abusos, entre elas a influenciadora Mariana Ferrer. “A gente está pedindo respeito. Vocês não vão mais nos calar. Justiça por Mari e por todas nós”, cobrou. Dar voz ao feminismo, aliás, tem sido uma de suas bandeiras. Quer ajudar mulheres a descobrir sua força, assim como viu mãe, tias e avó, marcadas por uma tragédia pessoal (o assassinato de seu avô materno) fazerem desde sua infância. “Não existe uma mulher no mundo que não seja forte. Talvez ser braba seja isso, apenas ser mulher.”

 

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Para 2021, Luísa prepara um novo álbum, muito mais profundo que o primeiro. O disco virá com as dançantes que já são sua marca, mas também com faixas mais lentas e reflexivas, que sintetizam seu amadurecimento. “Quero que as pessoas sintam o que está dentro delas. Eu não faço música para mim, faço para elas”, diz. Luísa planeja cuidadosamente cada detalhe em sua vida e se envolve em todas as etapas de produção. “Sou impulsiva em alguns momentos como qualquer pessoa, mas no geral penso muito antes de cada passo que vou dar.” Arrependimentos no caminho? “Nunca, jamais. Acho que a gente faz tudo da melhor maneira que pode, então não tem por que se arrepender de nada.”

 

Fonte: Marie Claire

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