Nos palanques e nas redes sociais, no entanto, candidatos se atacam frequentemente com uso dos nomes.
Os candidatos à Presidência da República não citam nominalmente uns aos outros em seus planos de governo na maioria dos casos, embora a dinâmica seja diferente nas ruas e nas redes sociais. O g1 fez um levantamento com base nos documentos apresentados pelos políticos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL), por exemplo, primeiros colocados nas pesquisas eleitorais, recorrem apenas aos sinônimos quando querem mencionar e, principalmente, criticar ações e heranças da oposição.
Quando quer fazer menção a Bolsonaro, o plano de Lula utiliza termos como "política atual de genocídio", "atual governo" e "governo negacionista".
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Já o programa do atual presidente da República cita "modelo antigo", "governos anteriores", "modelo de gestão anterior a Bolsonaro" e "antigo modelo de gestão" para se referir a Lula e aos governos petistas.
A situação foi diferente na última eleição geral, em 2018: o plano de Fernando Haddad, candidato à Presidência pelo PT na ocasião, citava Bolsonaro três vezes. Por sua vez, o plano de Jair fazia duas menções negativas ao Partido dos Trabalhadores.
Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB), que aparecem, respectivamente, em terceiro e quarta nas atuais pesquisas, também não mencionam nomes em seus programas deste ano.
FORA DO PAPEL, A HISTÓRIA É OUTRA
No primeiro dia oficial de campanha, o petista xingou e criticou a postura do atual presidente na condução da pandemia no Brasil: "Você não tem amor, uma única lágrima para as 680 mil pessoas que morreram de Covid. Se tem alguém que é possuído pelo demônio, é esse Bolsonaro", disse Lula na terça-feira (16).
Em uma reunião com banqueiros no início deste mês, Bolsonaro citou o ex-presidente ao criticar a carta em defesa da democracia e do processo eleitoral divulgada pela Faculdade de Direito da USP: "Eu lembro da carta ao Brasil — aquela primeira do Lula —, todo mundo acreditou. Essa cartinha, lá atrás, abriu portas".
LULA E BOLSONARO NO DIGITAL
Fotos: Reprodução
Os candidatos são adversários declarados nas redes sociais e não deixam de se atacar nominalmente.
Na última semana, por exemplo, Bolsonaro publicou pelo menos seis tuítes com menções a Lula ou ao PT. No mesmo período, o ex-presidente petista citou Bolsonaro sete vezes em sua conta no Twitter.
POR QUE HÁ ESSA DIFERENÇA?
"O programa de governo é um lugar para você falar de você, não do outro. Essa não menção é esperada", explicou Cláudio Couto, professor de ciência política da Fundação Getúlio Vargas (FGV) em São Paulo.
Para ele, o documento é uma forma de o candidato mostrar suas qualidades, dizer por que deveria ganhar votos, não de atacar ou lembrar o eleitor de que há outras pessoas na disputa.
"O plano tem esse sentido prospectivo, muito mais do que certas declarações que ocorrem durante a própria disputa eleitoral, que têm um sentido retrospectivo, porque está dizendo ‘não vote nele, olha o que ele fez, vote em mim, olha o que eu vou fazer’", destacou Couto.
OUTROS CANDIDATOS
Dos 12 nomes que concorrem à Presidência, apenas quatro fazem menção nominal aos adversários em seus planos de governo:
Felipe D'Avila (Novo): cita Bolsonaro e Lula;
Léo Péricles (UP): cita Bolsonaro;
Sofia Manzano (PCB): cita Bolsonaro e usa o termo 'petistas';
Vera Lúcia (PSTU): cita Lula e Bolsonaro.
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Fonte: G1