O governo do presidente Lula relançou na segunda-feira (20) o programa Mais Médicos para o Brasil. O programa federal para preenchimento de vagas no Sistema Único de Saúde (SUS) pretende mais do que dobrar a quantidade de médicos da rede, expandindo de 13 mil para 28 mil o número de profissionais em atendimento pelo país.
No entanto, fora do Mais Médicos, os formados em medicina no exterior não podem atuar no Brasil sem a aprovação no Revalida (Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituição de Educação Superior Estrangeira).
Assim, muitos médicos enfrentaram dificuldades para se manterem no mercado de trabalho após da mudança no programa. Com a retomada do Mais Médicos, os estrangeiros participantes têm autorização de atuar no Brasil mesmo sem ter se submetido ao exame.
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Conheça as histórias de três cubanos que não foram aprovados no Revalida e optaram por ficar no Brasil mesmo sem poder exercer a profissão.
BahiaNesse meio tempo, a médica cubana Mariela Ambruster Almenares, 53 anos, viveu de doações feitas por amigos e "bicos" esporádicos como cuidadora de idosos nas cidades de Nova Fátima e Nordestina, a cerca de 227 quilômetros de Salvador.
Ela trabalhou na atenção básica de Nova Fátima de 2013 até 2016, mas desde o fim do programa não conseguiu recolocação na sua área de trabalho por não ter sido aprovada no Revalida. A solução foi trabalhar como atendente de farmácias.A cubana diz que já tentou o reconhecimento do diploma quatros vezes e conta com a ajuda de um advogado para tentar regularizar a situação.
MARANHÃO
O médico cubano Juan Delgado foi xingado em 2013, ouviu gritos de "escravo" e "incompetente" quando desembarcou em Fortaleza para integrar a primeira versão do Mais Médicos. Após o fim do programa, optou por ficar no Brasil e agora encara o drama do desemprego pela falta do diploma.
“Eu tentei três vezes. A prova tem muitas questões de especialistas, eu sou clínico geral. O modelo da prova também é muito diferente do que já fiz em exames. Não consegui até agora”, conta.
Delgado atuou por seis anos em Zé Doca, uma pequena cidade do Maranhão com cerca de 50 mil habitantes.
PIAUÍ
A cubana Danae Moreira é médica há 9 anos. Chegou ao Brasil em 2017 para atender pelo Mais Médicos no interior do Piauí. Com o fim da parceria com Cuba e extinção do programa, ela se viu desempregada, sem poder exercer a profissão e depois de morar de favor com uma amiga, conseguiu emprego como balconista em uma farmácia.
A cidade em que ela vive, Esperantina, tem menos de 40 mil habitantes e precisava de apoio médico. No entanto, em 2018, com o fim do contrato com Cuba, se viu desempregada.
“Foi um dos períodos mais difíceis da minha vida. Na época eu morava sozinha e me vi, pela primeira vez, tendo que viver de favor na casa de uma amiga. Uma família me acolheu nesse momento tão difícil. Eu estava longe da minha casa, dos meus familiares e sem fazer o que tanto amo, que é exercer a medicina”, relatou.
O QUE É O MAIS MÉDICO PARA O BRASIL
Batizado de Mais Médicos para o Brasil, o novo programa dará prioridade para profissionais brasileiros e visa ampliar o número de profissionais de saúde no SUS, principalmente em áreas mais vulneráveis. Além disso, são previstos investimentos na construção e reformas de Unidades Básicas de Saúde. Neste ano, o governo pretende abrir 15 mil vagas e investirá R$ 712 milhões.
Além da bolsa, os profissionais também receberão benefícios, terão direito a licença maternidadede até seis meses e paternidade de até 20 dias, e poderão fazer especialização e mestrado durante o tempo que estiverem no programa, que tem duração de quatro anos.
O objetivo é conseguir manter os profissionais em regiões de difícil acesso, já que os dados do Ministério da Saúde mostram que 41% dos participantes desistem do programa em busca de capacitação e qualificação.
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O programa, que existe há dez anos, foi substituído pelo Médicos pelo Brasil durante o governo Jair Bolsonaro (PL). No entanto, a mudança representou um retrocesso, já que o primeiro edital só foi anunciado em 2021 – dois anos depois, e após o ápice da pandemia de Covid.
Fonte: G1
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