Ministro da Justiça, Sergio Moro
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, lamentou neste sábado (7) a morte de dois índios Guajajara em um atentado a tiros no Maranhão. Moro disse que avalia a possiblidade de enviar uma equipe da Força Nacional à região onde o crime aconteceu, e que é foco de tensão entre indígenas e madeireiros.
"Lamento o atentado, ocorrido hoje no Maranhão, que terminou com dois índios guajajaras mortos e outros feridos. Assim que soube dos tiros, a Funai foi até a aldeia tomar providências, junto com as autoridades do governo do Maranhão", disse Moro na postagem.
"A Polícia Federal já enviou uma equipe ao local e irá investigar o crime e a sua motivação. Vamos avaliar a viabilidade do envio de equipe da Força Nacional à região. Nossa solidariedade às vítimas e aos seus familiares", completou o ministro.
O atentado aconteceu na BR-226, entre as aldeias Boa Vista e El Betel, no município de Jenipapo dos Vieiras, localizado a 506 km de São Luís. A informação foi confirmada pela Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Participação Popular e pela Fundação Nacional do Índio (Funai).
Morreram no ataque os indígenas Firmino Silvino Guajajara e Raimundo Bernice Guajajara. Outros dois índios ficaram feridos e foram levados para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do município de Jenipapo dos Vieiras. Eles estão sob proteção policial e não tiveram os nomes informados.
Em um vídeo que circula nas redes sociais, um indígena que testemunhou o crime contou que as vítimas foram surpreendidas por um carro de cor branca, de onde os tiros foram disparados.
Índios Guajajara bloquearam a BR-226 em protesto contra as mortes.
O atentado deste sábado ocorre um mês após o assassinato do líder indígena Paulo Paulino Guajajara, também durante uma emboscada, na Terra Indígena Araribóia, na região de Bom Jesus das Selvas no Maranhão.
O conflito também causou a morte do madeireiro Márcio Greykue Moreira Pereira e deixou ferido o primo de Paulo Guajajara, Laércio Guajajara.
Paulo Paulino Guajajara era membro dos "Guardiões da Floresta", um grupo de índios que vigia, protege e denuncia madeireiros com o intuito de proteger a natureza.
Os conflitos entre madeireiros e indígenas já haviam sido denunciados às autoridades, e as ameaças aumentaram após a apreensão de veículos utilizados na extração ilegal de madeiras em terras indígenas no Maranhão.
De acordo com a Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH), de 2016 a 2019, 13 indígenas foram mortos em decorrência do conflito com madeireiros no Maranhão. O assessor jurídico e membro da SMDH, Antônio Pedrosa, afirmou que nenhuma das pessoas envolvidas nos casos foi identificado ou levado a julgamento.
G1