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No Pará, indígenas do Alto Rio Guamá pedem ajuda contra incêndios
Foto: Reprodução

De acordo com os relatos, o local já perdeu áreas de roça e caça fundamentais para a segurança alimentar das famílias locais.

A Terra Indígena Alto Rio Guamá, localizada entre os municípios de Santa Luzia do Pará, Nova Esperança do Piriá e Paragominas, no Nordeste do Pará, que abriga a última grande área de floresta primária da região, enfrenta incêndios que devastam o território, conforme relatam indígenas.

 

Segundo a Associação das Mulheres Indígenas do Gurupi (Amig), os incêndios são de origem criminosa e colocam em risco a subsistência de cerca de 2,5 mil indígenas dos povos Tembé, Timbira e Kaapor, que dependem da floresta para a alimentação e preservação de suas tradições culturais.

 

De acordo com os relatos, o local já perdeu áreas de roça e caça fundamentais para a segurança alimentar das famílias locais. A Amig conta que o combate aos incêndios é liderado por uma brigada formada por guardiões indígenas, que enfrenta dificuldades pela falta de maquinário e suporte técnico.

 

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Joelma Tembé, presidente da Amig, descreveu a situação desesperadora: “Até agora a gente ainda não teve nenhuma ajuda de nenhuma instituição. Na nossa região, aqui, nós estamos com dois bombeiros e dois brigadistas que já vão embora amanhã. E a situação só se alastra”, afirma.

 

 

A associação também denuncia que os incêndios são, em grande parte, provocados por invasores que se opõem às ações de desintrusão recentemente realizadas na área. Joelma afirma que o fogo é aceso propositalmente e, com a vegetação extremamente seca, as chamas se alastram rapidamente, chegando cada vez mais próximo das aldeias, o que gera grande apreensão nas comunidades.

 

Diante dessa situação, a Amig solicita medidas urgentes das autoridades para apoiar o combate ao fogo. As demandas incluem o envio de maquinário para a construção de aceiros, cestas básicas para as famílias afetadas, e uma investigação rigorosa sobre as causas dos incêndios para que os responsáveis sejam punidos. O apelo é reforçado pela necessidade de suporte imediato para proteger as crianças e adultos que sofrem com a fumaça que cobre a região.

 

 

“A informação que a gente quer é que os governos competentes, as autoridades competentes, nos atendam com mais urgência possível, porque a gente já não está mais aguentando. Já há muito tempo que a gente vem fazendo esse combate ao fogo dentro da nossa reserva e a gente não está conseguindo avançar. É muita fumaça nas aldeias, muita fumaça mesmo. E acaba adoecendo as nossas crianças, nós mesmos também. Então, que eles tenham compaixão da gente e tentem nos ajudar, porque só nós não vamos conseguir não”, clama Joelma.O Ministério Público Federal do Pará (MPF-PA) informou que as Terras Indígenas Alto Rio Guamá e Anambé foram os principais focos das cobranças e questionamentos feitos pela instituição aos órgãos responsáveis pela preservação do meio ambiente e a proteção das comunidades tradicionais impactadas.

 

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Até esta sexta-feira, dia 8 de novembro, metade de todo o território da TI Anembé já havia sido destruído pelo fogo. Como o MPF recebeu informações de que os incêndios podem estar sendo provocados por invasores da Tl, os dados coletados também foram encaminhados para análise da área da instituição responsável pela avaliação da possibilidade de abertura de investigação criminal”, diz o MPF. A reportagem solicitou um posicionamento do Ministério dos Povos Indígenas (MPI) e da Secretaria de Estado dos Povos Indígenas (Sepi) sobre o caso, e aguarda retorno. 

 

Fonte: Revista Cenarium

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