17 de Maio de 2024 - Ano 10
NOTÍCIAS
20/05/2020

Novo protocolo da cloroquina cita 76 fontes, mas não é assinado por médicos

Foto: Reprodução

Composto será usado contra a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Agora, a droga pode ser utilizada na fase inicial da infecção

O Ministério da Saúde divulgou nesta quarta-feira (20/05) novo protocolo para uso da cloroquina no tratamento da Covid-19, doença causada por coronavírus. Agora, a droga pode ser utilizada na fase inicial da infecção.

 

Contudo, o documento divulgado nos canais oficiais do governo federal não é assinado por nenhum médico. O texto citas 76 referências bibliográficas e faz ressalvas para a falta de comprovação científica na eficácia do composto no tratamento.

 

A mudança no protocolo resultou na demissão de dois titulares do Ministério da Saúde: o médico ortopedista Luiz Henrique Mandetta e o oncologista Nelson Teich. Atualmente, a pasta é comandada interinamente pelo general Eduardo Pazuello.

 

Veja também

 

Conheça as vacinas mais promissoras sendo pesquisadas contra a Covid-19

 

Diretor da Anvisa que esteve em protesto está com Covid-19

 

 

O protocolo prevê o uso do medicamento para pacientes com sintomas leves, bem como crianças, gestantes e mulheres que tiveram filhos recentemente.

 

Entre as fontes de embasamento, o documento cita o Conselho Federal de Medicina (CFM), estudos próprios do Ministério da Saúde, a Agência Europeia de Medicina, reportagens publicadas em sites, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o Hospital Israelita Albert Einstein e artigos científicos.

 

testagem de coronavírus no Sesc-DF

 

O CFM, em parecer de 23 de abril, não recomendou o uso da cloroquina, mas decidiu liberar os médicos a receitarem o remédio em três casos específicos. Quando o paciente estiver em estado crítico ou internado em terapia intensiva ou com lesão pulmonar estabelecida.

 

Diversas pesquisas em todo o mundo apontam que a droga não tem eficácia para o tratamento. Ao contrário, afirmam que há efeitos colaterais graves que podem elevar as chances de morte do paciente, com o aumento de complicações cardíacas.

 

A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) declarou que o uso da cloroquina contra a Covid-19 é “perigoso, pois tomou aspecto político inesperado”. Para a entidade, a mudança do protocolo está no caminho inverso da ciência.

 

“A escolha desta terapia, ou mesmo a conotação que a Covid-19 é uma doença de fácil tratamento, vem na contramão de toda a experiência mundial e científica com esta pandemia. Este posicionamento não apenas carece de evidência científica, além de ser perigoso, pois tomou um aspecto político inesperado”, destaca, em nota.

 

Ressalvas

 

realização de testes para detecção do coronavírus em Águas Claras

Fotos: Reprodução

 

O Ministério da Saúde fez ressalvas técnicas de que, na prática, a droga não tem eficácia comprovada. A mudança ocorreu após pressão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para o uso em larga escala. Dois ex-ministros da Saúde pediram demissão por discordarem do protocolo.

 

A observação da pasta alerta para efeitos colaterais, falta de comprovação científica de eficácia e regras para prescrição médica. Além disso, o paciente deve autorizar o uso e assumir os riscos derivados do tratamento.

 

“Apesar de serem medicações utilizadas em diversos protocolos e de possuírem atividade in vitro demonstrada contra o coronavírus, ainda não há meta-análises de ensaios clínicos multicêntricos, controlados, cegos e randomizados que comprovem o benefício inequívoco dessas medicações para o tratamento da Covid-19″, destaca trecho da nota técnica.

 

Com isso, a responsabilidade para a escolha do remédio deve ser pensada e negociada entre médico e paciente. “Assim, fica a critério do médico a prescrição, sendo necessária também a vontade declarada do paciente, conforme modelo anexo”, conclui.

 

Curtiu? Siga o PORTAL DO ZACARIAS no FacebookTwitter e no Instagram 
Entre no nosso Grupo de WhatsApp. 

 

Além da ressalva técnica, a defesa do protocolo frisa a mesma tendência: “Até o momento, não existem evidências científicas robustas que possibilitem a indicação de terapia farmacológica específica para a Covid-19”.

 

Metrópoles

LEIA MAIS
DEIXE SEU COMENTÁRIO

Nome:

Mensagem:

publicidade

publicidade

publicidade

publicidade

publicidade

Acompanhe o Portal do Zacarias nas redes sociais

Copyright © 2013 - 2024. Portal do Zacarias - Todos os direitos reservados.