18 de Maio de 2024 - Ano 10
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Meio Ambiente
15/03/2024

O javali está disseminado mundialmente e em quase todos os estados brasileiros

Foto: Reprodução

Dispersão irrefreada da espécie exótica amplia prejuízos econômicos e ambientais, mas cientistas avaliam que ainda é possível erradicá-la

Natural da África, Ásia e Europa, o javali (Sus scrofa) botou os pés no Brasil há mais de 500 anos e se dispersa fortemente há cerca de seis décadas. O descontrole de suas populações catapulta prejuízos ambientais e econômicos. Cientistas avaliam que, com maior e melhor controle, seria possível erradicar a espécie exótica invasora do país.

 

Seus números nacionais são uma incógnita, mas órgãos federais, cientistas, ongs e caçadores fazem coro ao mostrar a tomada do Brasil pelo javali. A situação mundial não é diferente: a espécie está em todos os países. “Ela se adaptou dos desertos às baixas temperaturas da Rússia”, descreve Carla Zanin Hegel, cujo doutorado em Ecologia pela Universidade de Brasília (UnB) mergulhou na invasão histórica do Brasil pelo animal.

 

Ancestral do porco criado em pátios, sítios e fazendas, o Sus scrofa domesticus, o javali estreou no país vindo de carona como alimento nos navios de colonizadores europeus. Depois, foi deixado nesta terra brasilis para garantir uma carne conhecida a outros viajantes transatlânticos.Séculos depois, o javali ganha mais e mais território desde os anos 1960, quando passou a ser multiplicado na Região Sul para produzir carne. Uma grande seca do Rio Uruguai no fim dos anos 1980 e fazendeiros com terras em ambos os lados das fronteiras com Argentina e Uruguai engrossaram seus números no Brasil.

 

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Já uma lei federal de incentivo à suinocultura, de meados dos anos 1990, estimulou o cruzamento de porcos domésticos com javalis, gerando o “javaporco”. A ideia era produzir animais com menos gordura e mais carne, mas isso potencializou o uso e dispersão da espécie exótica.

 

“A gente é péssimo para lidar com espécies exóticas invasoras. Várias invasões que temos hoje a gente assistiu. Documentamos desde o começo até a situação que tem hoje”, reconheceu Rodrigo Agostinho, presidente do Ibama, no lançamento de um relatório sobre impactos nacionais desses animais e plantas pela Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos.

 

Novos criadouros de javalis e híbridos são hoje proibidos e os ativos devem ser vigiados pelos órgãos ambientais, mas há troca e cruza de animais e até fazendas de caça clandestinas reproduzindo javalis, diz a cientista Carla Hegel. “Criadores irregulares os soltam para evitar multas antes da fiscalização. Tudo contribui para a dispersão desses animais”, agrega.

 

 

Mas há outros motores para o espalhamento dos javalis, registrados em 698 municípios, em 2017, e 2.010, em 2022, de todas as regiões. Um estudo publicado na revista OneHealth indica que adeptos das caçadas igualmente criam e liberam esses animais na natureza. Os crimes acompanham a malha rodoviária, mostra o trabalho.

 

( Foto: Reprodução)

 

Fundador e presidente da Associação Nacional de Caça e Conservação (ANCC), entidade com 4 mil controladores de javalis afiliados que defende a legalização da atividade, Daniel Terra questiona a pesquisa. “Se isso fosse verdade, as populações de outros animais que interessam à caça estariam aumentando”, pondera. “Nunca prenderam ou flagraram alguém soltando javalis”, diz.Ao mesmo tempo, a falta de predadores naturais e uma grande capacidade de adaptação ambiental engrossam o avanço global do javali.

 

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Onças-pintadas e pardas e outros carnívoros brasileiros até encaram filhotes, jovens e fêmeas menores da espécie, mas evitam embates com machos que podem chegar a 350 quilos. Em suas regiões naturais do outro lado do Atlântico, encolhem os números de seus predadores, como leões, ursos, crocodilos e lobos.

 

Fonte: O Eco

 

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