O que é Saco de Douglas e como ele pode se romper na relação sexual? Saiba mais

A morte de uma jovem de 19 anos após relação sexual com um jogador de futebol do Corinthians, na terça-feira (30 de janeiro), levantou um debate sobre os riscos do sexo mesmo quando a relação é consensual.

O laudo médico da vítima apontou que ela teve "ruptura no Saco de Douglas" após um encontro com o atleta no apartamento dele. Os dois se conheceram nas redes sociais e no dia do fato se viram pessoalmente pela primeira vez, segundo depoimento do jogador para a polícia.

Especialistas na área de ginecologia concordam que o caso da jovem é raro e pode ser considerado uma fatalidade. Porém, existem facilitadores que podem contribuir para a laceração na região íntima.

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O QUE É O SACO DE DOUGLAS

Eduardo Siqueira, médico da Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais (Sogimig), explica que o fundo do Saco de Douglas é uma região que fica no fim do canal vaginal e tem função estrutural:

"É uma parede muscular que tem função apenas estrutural de separar o canal vaginal da pelve da mulher. Esse saco fica no fundo da vagina, no colo do útero", afirma o ginecologista.

O sangramento intenso que causou as quatro paradas cardíacas da jovem de 19 anos, após a relação sexual, aconteceu porque a região é extremamente vascularizada. Segundo laudo médico, a vítima tinha uma laceração (corte) de cinco centímetros na região:

"O que ocorreu com essa moça foi uma fatalidade. As lacerações são incomuns de acontecer e tudo depende de como foi a relação sexual. A intensidade do ato pode ser um dos fatores. O caso é incomum, mas pode acontecer. Médicos que trabalham em pronto-socorro provavelmente já se depararam com pacientes que tinham essas lacerações. Mas, quero frisar que nem sempre vai evoluir para tamanha fusão", explica o Dr Eduardo Siqueira.

A ginecologista Bernadete Lopes também classifica o episódio como um acidente:

"O Saco de Douglas é resistente à relação sexual. Infelizmente, quando acontece essa rutura pode atingir acidentalmente um vaso sanguíneo. É literalmente um acidente, impossível pontuar um fato que tenha gerado esse desfecho, principalmente em uma pessoa tão jovem"

A BUSCA POR ATENDIMENTO MÉDICO

Apesar das lacerações no fundo do canal vaginal serem raras, qualquer sangramento durante e após a relação sexual deve ser investigado. Especialistas afirmam que buscar atendimento médico é extremamente importante neste casos:

"Os sangramentos das lacerações no Saco de Douglas são constantes e com a cor de um vermelho vivo. A dor também é intensa. Muitas vezes a gente consegue resolver essas feridas no hospital de forma tranquila. Mas é importante buscar atendimento médico", alerta Eduardo Siqueira.

Apesar de ser um acidente, existem situações que podem favorecer os cortes na região. O ginecologista alerta:

"Relações sexuais intensas, ressecamento vaginal, uso incorreto de objetos sexuais podem ser facilitadores para a ocorrência das feridas. É incomum que ocorra nas primeiras relações", pontua.

O especialista também afirma que não há motivos para pânico:

"As relações sexuais precisam ser despreocupadas para que elas ocorram de forma prazerosa", finaliza.

A MORTE DA JOVEM

A Polícia Civil de São Paulo ainda investiga o que pode ter causado a laceração no canal vaginal da jovem de 19 anos. De acordo com a Polícia Militar, o jogador do time sub-20 do Corinthians declarou que a vítima começou a sangrar e desmaiou durante a relação sexual. Ele acionou o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e prestou socorro, mas a mulher morreu na unidade hospitalar depois de quatro paradas cardíacas.

O jogador também declarou que o casal não usou drogas, bebida alcoólica e mantiveram relações sexuais sem uso de qualquer objeto. A SSP (Secretaria da Segurança Pública) de São Paulo disse que na residência do atleta havia manchas de sangue e que o local foi preservado para perícia.

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Em nota, o Corinthians afirmou estar ciente dos acontecimentos que envolveram um de seus jogadores da base e que aguarda a investigação do caso. Disse, ainda, que está à disposição para colaborar com as autoridades e as famílias. 

Fonte: O Tempo