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O que os microplásticos estão fazendo com nossos corpos? Cientistas estão tentando descobrir
Foto: Reprodução

E ali estava ela, levada pela maré, junto com centenas de quilos de outros resíduos plásticos que agora estavam limpando e coletando para pesquisa

Garcia, pós-doutorando em ciências farmacêuticas, encontrou a ponta de pipeta no semestre passado com colegas em uma praia remota no Havaí. Estava intacta, embora provavelmente tenha se degradado pelo tempo sob sol, ozônio e mar. Para ele, foi comovente: era um objeto usado diariamente por ele e milhares de outros cientistas.

 

E ali estava ela, levada pela maré, junto com centenas de quilos de outros resíduos plásticos que agora estavam limpando e coletando para pesquisa. Ele integra um dos laboratórios líderes na área, dirigido pelo toxicologista Matthew Campen, que estuda como partículas minúsculas conhecidas como microplásticos se acumulam em nossos corpos.

 

O estudo mais recente do grupo, publicado em fevereiro na revista Nature Medicine, gerou manchetes alarmadas e debate na comunidade científica: eles descobriram que amostras de cérebro humano de 2024 continham quase 50% mais microplásticos do que amostras de 2016. Essa coisa está aumentando exponencialmente no mundo — disse Campen. À medida que se acumula no ambiente, também se acumula em nós.

 

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Outras descobertas da equipe também causaram preocupação. No estudo, cérebros de pessoas com demência continham significativamente mais microplásticos do que cérebros de pessoas sem a doença. Em artigos publicados no ano passado, os pesquisadores mostraram que os microplásticos estavam presentes em testículos e placentas humanas. Outros cientistas já os identificaram no sangue, sêmen, leite materno e até no primeiro cocô de um bebê.

 

Objetos de plástico separados para análise no laboratório — Foto: Gabriela Campos - The New York Times

Foto: Reprodução

 

Em fevereiro, com colegas do Baylor College of Medicine e do Hospital Infantil do Texas, nos EUA, o laboratório de Campen divulgou pesquisas preliminares mostrando que as placentas de bebês prematuros continham mais microplásticos do que as de bebês nascidos a termo, ou seja, entre 37 e 42 semanas completas de gravidez — apesar de terem tido menos tempo para acumular essas partículas.

 

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Mas, apesar de todos os lugares em que encontraram microplásticos — e de todas as preocupações sobre os riscos à saúde —, ainda havia muito que os pesquisadores não compreendiam. A primeira coisa que toxicologistas aprendem é que “a dose faz o veneno”: qualquer substância, até água, pode ser tóxica em quantidade suficiente. Mas Campen e Garcia não faziam ideia de qual quantidade de microplástico seria suficiente para causar problemas à saúde. E com tantos plásticos ao nosso redor — na comida, nas roupas, no ar —, qual seria a fonte mais ameaçadora? 

 

Fonte: Terra

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