* Por Lúcio Carril -Tudo começou com uma coisa feia, estúpida, vestida de morte, emergida de uma fossa terrestre cheia de vermes gosmentos. Mãos putrefatas ajudaram a coisa a subir e lhe deram vida. O fizeram presidente da República.
Foi como uma bomba nuclear na moral e na ética da nação brasileira. Logo se espalhou a violência descontrolada e espúria. Estupradores e feminicidas passaram a se sentir protegidos. Milícias e grupos neonazistas se multiplicaram. Acharam campo fértil para propagar o ódio e o crime.
As polícias abandonaram os normas legais de abordagem e a bala passou a chegar primeiro no povo inocente, principalmente em jovens e negros. Torturas ao ar livre, assassinatos por asfixia, fuzilamento de carros com famílias inteiras dentro, invasão de domicílios sem mandado judicial; instituição de um corporativismo cínico e mentiroso dos órgãos de segurança para proteger o crime de seus agentes. Enfim, policiais viraram coveiros do estado de direito.
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As forças armadas se desarmaram da pouca ética que tinham e voaram na corrupção desavergonhada, com seus leites condensados, viagras e próteses penianas.
Políticos do centrão nadam em dinheiro público do orçamento secreto. A corrupção campeia.
A coisa se congratula com toda essa barbárie. Aplaude. Defende. É o êxtase de uma vida bruta, desonesta e cruel. Seus dentes estragados expostos no riso trágico revelam sua alma, ou a ausência dela.
O Brasil está contaminado pela conduta criminosa de maus brasileiros apoiados por um líder podre e fedegoso. As práticas ruins se impõem como ação violenta e covarde.
Mas há resistência.
A barbárie não sobreviverá ao ímpeto do povo de bem e sua cultura de solidariedade. A resistência está surgindo desse espírito de luta e de amor. A civilização retornará ao seu processo de construção da humanidade. A coisa e seus acólitos voltarão às trevas, presos definitivamente no fosso cinza da escuridão.
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*Lúcio Carril é sociólogo, ex-secretário executivo da Secretaria de Política Fundiária do Estado do Amazonas, ex-delegado federal do Ministério do Desenvolvimento Agrário e especialista em gestão e políticas públicas pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.