06 de Maio de 2024 - Ano 10
NOTÍCIAS
Esportes
19/03/2020

Pandemia de coronavírus provoca reflexão sobre o gigantismo e a ganância no futebol e no esporte

Foto: Divulgação

Olimpíada de Tóquio em risco

Situações extremas provocam profundas reflexões. A pandemia do novo coronavírus apresenta excelente oportunidade para refletir sobre o universo esportivo.

 

O esporte competitivo de alto nível faz parte da indústria do entretenimento, com investimentos, lucros – e custos – bilionários.

 

Eventos esportivos transmitidos ao vivo são as maiores audiências de TV no mundo. Porém, ganância e gigantismo ameaçam criar uma bolha que, se estourar, provocará danos irreversíveis.

 

Veja também 

 

Técnico de Conor McGregor indica que próxima luta será contra Justin Gaethje no UFC 252

 

Lucas Gabriel, do Sub-20 do Flamengo, sofre lesão no joelho e precisará passar por cirurgia

 

É hora de questionar se não estão empurrando o esporte ao seu limite por querer aumentar o tamanho das fatias sem pensar nos ingredientes e no sabor do bolo?

 

Há movimentos críticos ao gigantismo de Olimpíadas e Copa do Mundo, os dois maiores eventos esportivos do planeta. Organizá-los custa cada vez mais caro, com exigências absurdas e uma gigantesca teia de corrupção que podem contribuir para o colapso econômico de um País, como ocorreu com a Grécia em 2004.

 

O Mundial de Futebol e os Jogos Olímpicos nos legam memórias eternas, mas deixam um rastro bilionário de gastos cujo retorno é bastante questionável. Ao ponto de algumas cidades e países não quererem mais organizá-los.

 

O futebol vive há tempos uma guerra política de bastidores que opõe interesses de clubes aos de seleções. Clubes alimentam e sustentam o dia a dia do futebol. Investem para contratar e revelar jogadores, montar bons times e não gostam quando são obrigados a cedê-los para seleções nacionais por longos períodos.

 

Houve um tempo em que as seleções eram obrigatórias na valorização do jogador. Hoje nem tanto. Messi e Cristiano Ronaldo seriam Messi e Cristiano Ronaldo mesmo se jamais tivessem atuado pelas seleções de seus países.

 

A Fifa, historicamente, nunca deu muita bola para o futebol de clubes. Até que encontrou uma rival política de peso na Uefa, que fez da antiga Copa dos Campeões da Europa o sucesso planetário chamado Champions League e transformou a Euro num torneio que rivaliza com a Copa do Mundo.

 

A Uefa quer que seus afiliados joguem cada vez mais entre eles e para isso criou a Liga das Nações. Até hoje a Fifa bate cabeça tentando criar uma competição de clubes que seja tão atraente para lucrar com os maiores craques em campo sob sua bandeira. Ainda não conseguiu. A resposta é inchar a Copa do Mundo, a partir das Eliminatórias (que já são a Copa), para encurtar os calendários sobre os quais ela não tem receita.

 

Taça Copa do Mundo 2018 — Foto: VI Images via Getty Images

Foto: Reprodução

 

Em âmbito continental e nacional, a disputa também é intensa. No Brasil, Federações querem preservar território e datas para seus estaduais, na maioria das vezes por motivações políticas. A CBF criou fogo amigo ao supervalorizar a Copa do Brasil e torná-la mais atraente – financeiramente – que o Campeonato Brasileiro.


A Conmebol, se deixarem, banaliza a Copa América ao ponto de torná-la semestral. A Libertadores cresce em número de clubes sem contrapartida técnica. Há tantos jogos e torneios que falta temporada. Cai a qualidade do espetáculo, jogadores são expostos a lesões e, como quase sempre acontece, nunca são consultados.

 

Os países mais boleiros da Europa têm Liga, Copa da Liga, Copa da Confederação, Copa do Rei, da Rainha, Copa disso e daquilo. É a disputa entre clubes e federações. Como classe, jogadores de futebol estão muito longe da união que represente sua importância.

 

Lembremos que apenas 1% dos profissionais do futebol alcança o sucesso financeiro. Além da diferença abissal entre os ganhos dos homens e das mulheres.


O esporte chamado olímpico também viveu explosão financeira sem precedentes nas últimas décadas. No alto escalão do Comitê Olímpico Internacional (COI) há uma ala conservadora que defende a redução no número de esportes nos Jogos. Outra ala propõe a adesão de novos esportes para atrair público jovem e tem saído vencedora. Vide a inclusão de skate e surfe no programa olímpico.

 

Antes da disparada no custo dos direitos de transmissão por TV, a partir dos anos 1990, os Jogos continentais e os Mundiais da maioria dos esportes que não dependem de índices individuais eram os principais acessos às Olimpíadas.

 

No caso brasileiro, os Jogos Pan-americanos tinham importância vital. Um belo dia, as federações mundiais de alguns esportes decidiram virar o jogo. Vieram Pré-Olímpicos e classificatórios às pencas, reduzindo a importância esportiva e comercial dos Jogos Continentais e inflacionando o calendário.

 

O tênis olímpico não seduz mais os grandes jogadores e jogadoras. Natação e atletismo têm torneios que são mais atraentes para os atletas, financeiramente e esportivamente, do que um Pan, um Europeu ou Asiático.

 

As seletivas da natação norte-americana são um evento de grande prestígio e interesse televisivo. Basquete e voleibol organizam vários pré-olímpicos, vendendo caro seus direitos de transmissão e, não raro, entregando jogos ruins e ginásios vazios.


Quando o dirigente iugoslavo Boris Stankovic costurou o acordo entre Federação Internacional de Basquete e a NBA que permitiu a participação dos jogadores de basquete profissionais americanos nas Olimpíadas, a partir de 1992, o bom e velho esporte da bola ao cesto virou uma máquina internacional de fazer dinheiro e jogos e mais jogos.

 

Curtiu? Siga o PORTAL DO ZACARIAS no FacebookTwitter e no Instagram
Entre no nosso Grupo de WhatsApp.

 

Com uma recessão mundial que se avizinha, certamente potencializada pela pandemia, o esporte será afetado. Que seja a oportunidade para racionalizar calendários, oferecer mais qualidade, preservar estrelas e garantir o interesse pelos grandes espetáculos.

 

Globo Esporte

LEIA MAIS
DEIXE SEU COMENTÁRIO

Nome:

Mensagem:

publicidade

publicidade

publicidade

publicidade

publicidade

Acompanhe o Portal do Zacarias nas redes sociais

Copyright © 2013 - 2024. Portal do Zacarias - Todos os direitos reservados.