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14/12/2022

Parceiras, França e Marrocos foram adversárias e protagonizaram tensão pré-Primeira Guerra

Foto: Reprodução

Rivais na partida desta quarta-feira pela semifinal da Copa do Mundo de 2022, europeus tiveram Protetorado no país africano e quase anteciparam conflito no início do século 20

Adversárias nesta quarta-feira, pela semifinal da Copa do Mundo do Catar, França e Marrocos já foram de tudo um pouco. Parceiras econômicas atualmente, com os europeus como principais clientes e fornecedores dos africanos, a relação dos dois países reserva batalhas entre si nos dois continentes, colonização e até uma quase antecipação da Primeira Guerra Mundial.

 

A primeira interação mais intensa entre o que hoje são os habitantes dos dois países data do século 8, quando os mouros conquistaram Portugal e Espanha e avançaram para a França. Apesar de chegarem à região sul francesa, os muçulmanos perderam a Batalha de Poitiers em 732 e não conseguiram dominar toda a área.

 

Mais de mil anos se passaram entre aquela batalha e outras interações de menor intensidade se deram entre franceses e marroquinos. Isso até a chegada da guerra Franco-Marroquina em 1844. Como forma de represália pelo apoio do Marrocos à invasão da França na Argélia, os europeus também resolveram atacar os vizinhos dos argelinos. As batalhas, de fato, duraram cerca de um mês, se concentrando em agosto, e terminaram com vitória francesa - assim como a ocupação na Argélia.

 

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A partir dali a influência francesa no país foi crescendo, até o clima voltar a ficar tenso no norte da África, em 1905. O império alemão - preocupado com a expansão francesa e tentando aumentar a presença nos países com acesso ao Mar Mediterrâneo - tenta diminuir o poder francês naquela região. Para isso, o imperador Guilherme 2º vai a Tânger (cidade portuária no Estreito de Gibraltar) para estreitar a relação com os marroquinos.

 

Os franceses não gostaram da aproximação e, após movimentações militares dos dois lados, a Primeira Crise do Marrocos (como o episódio ficou conhecido) foi resolvida na Conferência de Algeciras. O encontro fortaleceu os franceses com a ajuda do império inglês graças a "Entente Cordiale", acordo de parceria entre os dois históricos rivais. A ideia alemã era isolar a França, mas foi Guilherme 2º quem se viu apenas com o apoio do Império Austro-Húngaro se os ânimos fizessem chegar a um conflito armado.

 

Seis anos depois, em 1911, veio a Segunda Crise do Marrocos numa escalada de tensão que quase fez a Primeira Guerra Mundial se iniciar (três anos antes do conflito, de fato). Desde a primeira crise, a França aumentou a presença militar no Marrocos, até que a Alemanha respondeu ao enviar um navio de guerra para a região e ameaçando uma guerra entre as potências europeias. A tensão foi resolvida com a assinatura do Tratado de Fez, que tornou o país africano um protetorado francês e deu aos alemães o que hoje é a República do Congo.

 

O acordo foi considerado uma derrota para a política externa alemã. O revés fez com que aumentasse a corrida armamentista e os países não chegaram às vias de fato. A expansão imperialista das potências europeias, principalmente na África, foi uma das causas da Primeira Guerra Mundial que teve França e Alemanha como inimigas.

 

Marrocos continuou como Protetorado da França até 1955. Após pressão interna e contando com o envolvimento francês na Guerra de Independência da Argélia, Marrocos conquistou a independência dos europeus sem precisar ter o mesmo conflito que acontecia no país vizinho. Desde então, os dois países mantêm relações cordiais, tanto que são importantes parceiros comerciais, principalmente para os marroquinos.

 

IMPACTO DENTRO DE CAMPO

 

A relação entre França e Marrocos também se dá entre jogadores e não fica restrita à amizade entre Hakimi e Mbappé. O maior artilheiro da história da seleção francesa em Copas, Just Fontaine, nasceu no país africano, com mãe espanhola e pai francês, e chegou a defender a seleção do Marrocos antes de ir para a França.

 

Além dele, há também um intercâmbio nos atletas das duas delegações: Saïss e Boufal nasceram na França, mas são descendentes de marroquinos; enquanto Guendouzi tem pai franco-marroquino e foi convidado para fazer parte da seleção africana, mas optou em ficar com a nacionalide francesa mesmo. Para Deschamps, técnico francês sem ligação sanguínea com o Marrocos, a questão histórica não mexe com os ânimos dos jogadores.

 

- Não tenho nenhuma mensagem. Não acho que nós técnicos temos que mandar esse tipo de mensagem. Há muita paixão envolvida. Seja antes ou depois, deve continuar sendo uma partida de futebol, mesmo que haja uma história e muita paixão. Como atleta e técnico, gosto de ficar no meu lugar, e os jogadores também. É melhor assim.

 

 

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França e Marrocos se enfrentam às 16h (de Brasília), pela semifinal da Copa do Mundo de 2022, no Al Bayt. Quem avançar, pega o vencedor de Argentina e Croácia. O derrotado vai para a disputa do terceiro lugar contra quem perder.

 

Fonte: GE

 

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