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10/08/2021

Pesquisadores brasileiros criam curativo inteligente de açafrão

Foto: DIVULGAÇÃO

Curativo visto a olho nu.

Cientistas da Embrapa e de outras instituições de pesquisa de São Carlos (SP) criaram um curativo nanotecnológico à base de curcumina, substância extraída do açafrão-da-terra, que libera gradualmente compostos para o tratamento de ferimentos e impede entrada de bactérias por até dez dias.

 

Do esforço conjunto surgiu um novo tipo de material que extrapola a área da saúde e pode ser utilizado até mesmo pela indústria alimentícia.

 

A curcumina é conhecida por suas propriedades bactericidas, antioxidantes e anti-inflamatórias, mas sua aplicação é limitada por ser pouco solúvel e facilmente degradada na presença de luz.

 

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A pesquisa da Embrapa conseguiu vencer essas barreiras com a criação de um nanomaterial baseado em membranas poliméricas bicamadas, compostas por fibras eletrofiadas de poliácido láctico e borracha natural.

 

Complicou? Calma, a gente explica. O resultado é uma manta fina e amarela como o açafrão, que consegue proteger lesões de ações externas, como exposição à luz solar e contaminação por microrganismos. Isso acontece devido à bicamada de fibras que protege o composto de cúrcuma. Em ensaios de laboratório, o curativo evitou a penetração de bactérias como a Staphylococcus aureus, comum em infecções de pele, por dez dias.

 

Com essas propriedades, o curativo multifuncional pode se tornar um grande aliado no tratamento de queimaduras e úlceras em um futuro próximo. O pedido de patente já foi depositado no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) e agora a entidade está em busca de parceiros para desenvolver testes in vivo e o produto em larga escala.

 

Como a pesquisa foi feita


O estudo reuniu duas áreas do conhecimento, a de materiais e da biotecnologia. Além de experimentos em escala laboratorial para a confecção das membranas assimétricas que compõem os curativos, os pesquisadores também realizaram testes "in vitro", para a comprovação da liberação da curcumina.

 

A equipe usou a difusão em disco em Ágar, um método simples, para determinar a atividade antibacteriana contra a Staphylococcus aureus, e testes utilizando peles de suínos para simular um modelo de ferida infectada.

 

Os ensaios asseguraram a fotoproteção (proteção contra a ação da luz) da curcumina, empregada como modelo de composto bioativo fotossensível encapsulado nas nanofibras. Ela foi protegida contra a entrada de bactérias externas através das membranas assimétricas formadas pelas nanofibras.

 

A pesquisa foi realizada no âmbito da Rede Nacional de Nanotecnologia para o Agronegócio (Rede AgroNano) e orientada pelo pesquisador da Embrapa Instrumentação (SP) Daniel Souza Corrêa. O time reuniu pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), do Laboratório Nacional de Nanotecnologia para o Agronegócio (LNNA) de São Carlos (SP) e pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (IFSC-USP).

 

Para Corrêa, os curativos que utilizam produtos naturais devem funcionar não apenas como uma barreira física contra microrganismos presentes no ambiente. “Eles também têm a função de prevenir a infecção da ferida, manter um ambiente úmido adequado, permitir a troca gasosa e o transporte de nutrientes, minimizar a dor sofrida pelo paciente, bem como estimular o processo de cicatrização”, detalhou em comunicado da entidade.

 

Mas o pesquisador lembrou que, mesmo com os grandes avanços nos últimos anos, o desenvolvimento de curativos para feridas com propriedades multifuncionais, incluindo ação anti-inflamatória, antibacteriana e angiogênica (geração de novos vasos sanguíneos), como o proposto na pesquisa, ainda apresenta desafios a serem superados.

 

O pesquisador Paulo Augusto Marques Chagas foi quem desenvolveu o estudo sobre o curativo cutâneo para obtenção do título de doutor. Ele esclareceu que a escolha dos polímeros utilizados no curativo foi feita de acordo com sua aplicação, propriedades mecânicas, térmicas e biológicas. A equipe utilizou o látex extraído da seringueira devido às suas propriedades físicas, biocompatibilidade, ausência de toxicidade, indução da angiogênese e reparação tecidual.

 

O outro composto utilizado foi o PLA, um biopolímero semicristalino, biocompatível e biodegradável que possui diferentes aplicações, como uso em embalagens de alimentos, em filtros de ar e liberação controlada de fármacos. O PLA é derivado da fermentação de fontes renováveis, como amido de milho, cana-de-açúcar e batata, o que permite sua produção em larga escala. Ele é considerado um substituto para polímeros que vêm de fontes não renováveis.

 

Chagas afirma que, a partir do estudo realizado, novos processos podem ser realizados para obtenção de fibras de menores diâmetros. Segundo ele, novos materiais podem ser encapsulados na matriz polimérica, visando diferentes propriedades.

 

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“O potencial antioxidante das membranas assimétricas desenvolvidas [no projeto] também pode ser investigado visando aplicação como embalagem alimentícia, principalmente por apresentar fotoproteção tanto à curcumina quanto ao alimento embalado”, conclui.

 

Fonte: R7

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