08 de Maio de 2024 - Ano 10
NOTÍCIAS
25/07/2020

Pesquisadores criam aplicativo para diagnóstico da covid-19 a partir de raio-x dos pulmões

Foto: Reprodução

Ferramenta poderá auxiliar cidades pequenas, sem acesso rápido a testes, a conter a expansão da doença

Professores e pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram um aplicativo que permite auxiliar o diagnóstico, com até 93% de precisão, de casos do novo coronavírus apenas com a imagem de raio-X. Com auxílio de inteligência artificial, o computador analisa radiografias em busca do padrão típico de pulmões infectados com Covid-19. Segundo seus criadores e médicos que usaram a ferramenta, ela pode auxiliar cidades pequenas, sem acesso rápido a testes, a conter a expansão da doença.

 

"No interior, a gente sabe que a rede hospitalar é muito mais simples. Não é toda cidade que tem tomógrafos computadorizados, por exemplo. Mas, pelas nossas estimativas, o Brasil por volta de 300 mil aparelhos de raio X, inclusive em postos de saúde, pequenos hospitais, nas UPAs, em todo o país. Ou seja, a capilaridade é muito maior", afirma José Afonso Mazzon, coordenador da equipe que desenvolveu a ferramenta.

 

Os criadores destacam, contudo, que a ferramenta deve funcionar como auxiliar ao diagnóstico: ou seja, não pode substituir os testes que estão sendo utilizados na hora de confirmar ou não se alguém está com Covid-19. Entretanto, ao apontar uma alta possibilidade de que um paciente está com o novo coronavírus, ela permite que médicos e o sistema de saúde reajam com maior velocidade, deixando esses casos suspeitos em isolamento ou em observação.

 

Veja também

 

Novo coronavírus entrou no Brasil de pelo menos 100 formas diferentes

 

Testes confirmam eficácia de tecido antiviral contra novo coronavírus

A precisão de mais de 90% foi obtida por meio de inteligência artificial. Os pesquisadores criaram uma base de dados com milhares de radiografias, que foram analisadas por um computador. Quanto mais raios-X o algoritmo analisa, mais ele aprende quais os padrões que se repetem nos pulmões infectados com coronavírus, naqueles em estágio de pneumonia e nos que estão saudáveis.

 

Imagens de raio-x mostram um pulmão saudável e outro infectado pelo novo coronavírus Foto: Reprodução

Imagens de raio-x mostram um pulmão saudável e outro infectado

pelo novo coronavírus (Foto: Reprodução)

 

Ao final do processo, a máquina foi treinada com 20 mil imagens de radiografias de pulmões - cerca de 600 delas com Covid. Na primeira fase, os pesquisadores treinaram o algoritmo com 11 mil delas. Posteriormente, validaram o índice de acerto em outras 2 mil. Por fim, testaram a taxa de sucesso em 260 radiografias. Na fase de testes, a ferramenta conseguiu identificar casos de Covid com 93% de precisão.

 

"Uma imagem, no final das contas, é um conjunto de pontos. Cada cor tem uma cor diferente que às vezes é imperceptível para o olho humano. É como se fosse uma matriz com milhares de linhas e milhares de colunas: uma radiografia de alguém com Covid-19 vai ser diferente de um paciente saudável e vai ser diferente de alguém com pneumonia, vai ter um padrão de cores diferente. Com o tempo e quanto mais imagens o computador analisar e aprender o que é o que, maior a precisão", afirma Mazzon.

 

De acordo com o professor, a expectativa é de que até setembro seja finalizado um estudo clínico com os pacientes que usaram a ferramenta em hospitais. Até o momento, 16 cidades já utilizaram a ferramenta. O médico Denis Eduardo Campos Battistin, que foi coordenador no contingenciamento da cidade de Peruíbe, no litoral de São Paulo, e um dos municípios que fez um acordo com os pesquisadores para usar gratuitamente a ferramenta, elogiou o aplicativo. Cada computador com o sistema instalado pode analisar até 60 mil radiografias por dia.

 

"Somos uma cidade pequena, que não tem tomógrafo, e no início da pandemia estava muito difícil ter acesso à parte dos testes. Para a nossa realidade foi uma ótima ferramenta porque o olho humano não vai ter a precisão de um computador. Isso permite investir na parte de isolamento, controle da doença. Se o aplicativo fala que o caso é altamente suspeito, permite agir com a notificação desse paciente, ele é colocado em isolamento e sob monitoramento da vigilância epidemiológica", explica Battistin.

 

Os desenvolvedores agora querem expandir a utilização, não apenas para facilitar o diagnóstico em mais cidades em um momento em que a epidemia está se expandindo cada vez mais para o interior do país, em cidades com menos acesso a equipamentos modernos e testes, mas também para aumentar a base de dados do aplicativo, que irá se tornar mais preciso conforme aumentar o número de radiografias analisadas.

 

Curtiu? Siga o PORTAL DO ZACARIAS no FacebookTwitter e no Instagram.

Entre no nosso Grupo de WhatsApp.

 

"Um médico em um posto de saúde no meio da Amazônia ou numa cidade de 3 mil habitantes no interior do Piauí, pega a radiografia e manda pelo celular ou por e- mail e isso daí entra num sistema e ele já recebe o resultado em alguns segundos", afirma Mazzon.

 

Revista Época

LEIA MAIS
DEIXE SEU COMENTÁRIO

Nome:

Mensagem:

publicidade

publicidade

publicidade

publicidade

publicidade

Acompanhe o Portal do Zacarias nas redes sociais

Copyright © 2013 - 2024. Portal do Zacarias - Todos os direitos reservados.