*Por Lúcio Carril - A ideia de um deus generoso, bom e amigo vem resistindo ao avanço da intolerância e da manipulação grosseira por falsos pastores e suas organizações picaretas.
Neste carnaval, a Mangueira deu o tom certo do Novo Testamento, fazendo um desfile poético, com as cores de um cristianismo voltado para os pobres e excluídos, classe que clama por ajuda divina diante da ação malévola de homens opressores.
Foi um encontro supremo do profano com o sagrado, como inspirado pelas escrituras, que apontam o homem à imagem de deus. Vi Spinoza na Sapucaí.
O deus cristão é aquele que desce a avenida e pula carnaval com gays, negros e negras, mulheres, gente especial, homens do povo.
O deus cristão de verdade não vive no ódio misógino, preconceituoso e racista dos cristãos de araque. Ele não respira o mesmo ar de um Malafaia, um Edir Macedo, um Waldomiro, um RR Soares, pastores da escuridão e da pilantragem atroz.
O deus cristão não senta à mesa com com a família miliciana que acabou com a aposentadoria dos pobres e anistiou os banqueiros parasitas. Ele jamais dividiria um pedaço do mal com os donos do poder do mal.
Deus está na Mangueira, nos blocos de rua, na Maria Vai Com As Outras, no Volta Belchior, na alegria do povo de São Paulo e de todoo Brasil. Deus está na alma de quem só quer ser feliz.
Fotos: Reprodução
*Lúcio Carril é sociólogo e especialista em gestão e políticas públicas pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.
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