Comportamento social é justificado pela psicologia por conta da inversão de expectativas no cérebro
Quem nunca se viu em meio a gargalhadas quando um amigo tropeçou e caiu no chão? O riso quase instantâneo que surge após um tombo não é "humor ácido" ou falta de empatia pelo outro. Pelo contrário, há uma explicação científica por trás desse comportamento. Um estudo sobre o assunto desenvolvido pela pesquisadora Janet Gibson, inclusive, virou livro. "An Introduction to the Psychology of Humor" (2019), ou "Uma Introdução da Psicologia do Humor" se debruça sobre os elementos que, dentre outras coisas, transformam as cenas de tombos em momentos hilários.
Em entrevista ao podcast de ciência "CrowdScience", da BBC, a professora emérita do Grinnell College, nos Estados Unidos, explicou quais são os "quatro ingredientes" básicos envolvidos em situações como a de um tombo inesperado de um colega.
O primeiro deles é a "violação da norma", uma vez que é esperado que todos sigam o padrão de andar de um ponto ao outro sem se acidentar pelo caminho.
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"Curiosamente, isso não deveria ser engraçado, porque a queda causa uma perturbação e representa um ato contra o grupo social. Mas, por algum motivo, quanto mais a norma é violada, mais engraçado aquilo se torna", explica a estudiosa.
Já segundo é o fator surpresa. Como não estamos esperando que aquilo aconteça, a inversão de expectativas gera no cérebro uma reação imediata.
"A surpresa não precisa necessariamente ser pela queda em si. Pode ser pela forma que a pessoa vai parar no chão, ou pelo momento e o contexto em que isso acontece", acrescente Gibson.
O terceiro ingrediente é, justamente, o fato de a ação ser inofensiva e estabanada e, na maioria das vezes, não parecer tão grave.
"Tudo depende da seriedade da situação, o que causou a queda, a intenção da vítima, a fragilidade dela…", lista a psicóloga.
O último elemento citado por Janet está ligado com a expressão facial.
"Se o indivíduo que caiu parece estar com dor ou bravo, a cena não é engraçada. Porém, se ele passa a sensação de estar perplexo, surpreso ou sem graça, há uma tendência do fato virar piada", finaliza.
Caleb Warren, outro estudioso ouvido pela BBC, ressalta que mesmo situações graves podem se tornar cômicas. Professor de Marketing da Universidade do Arizona, nos EUA, ele defende que o distanciamento, que pode ser espacial ou geográfico, social ou ainda temporal, justificam esse comportamento.
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"Quando uma coisa ruim acontece, e nós sentimos uma certa distância daquilo, é possível que isso se transforme em humor" destaca o especialista, que realiza pesquisas sobre o assunto.
Fonte: O Globo