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21/11/2023

Por que uma rotina de skincare muito longa pode na verdade piorar a pele

Foto: Reprodução

Especialistas explicam que há um limite de absorção cutânea e que, quando ele é ultrapassado, pode ocorrer obstrução dos folículos e até surgimento de acne

Muitos especialistas balançam a cabeça quando veem tutoriais cosméticos nos quais as etapas se acumulam. O motivo da polêmica é a chamada taxa de absorção cutânea, conceito que nos ajuda a entender que, por mais cosméticos que usemos, a pele só é capaz de assimilar uma quantidade limitada deles. A médica Lía Fabiano, diretora da LF Clinic, é clara:

 

— A pele não é uma esponja capaz de absorver tudo o que você coloca nela. Absorve apenas a quantidade de creme necessária, adicionar mais satura e é contraproducente. O excesso de produto favorece a obstrução dos folículos pilossebáceos e o aparecimento de pele asfixiada e acne cosmética — diz ela, e continua:

 

— Além disso, quanto mais produtos você usa, maior a probabilidade de ter reações adversas ou combinar ingredientes ativos incompatíveis. Os benefícios dos cosméticos não se multiplicam, nem pela aplicação de mais produtos, nem pela aplicação de maior número deles. Você tem que cuidar da sua pele de acordo com o que ela precisa, com as etapas, produtos e quantidades certas.

 

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É como pensa também Lucía González, dermatologista do GEDET e da Clínica Dr. Morales Raya:

 

— A primeira coisa que devemos ter em mente é que os cosméticos penetram na epiderme, que é a primeira camada da pele. Alguns deles podem até chegar à derme para atuar no colágeno e na elastina, mas a realidade é que nunca penetram além das camadas superficiais. Portanto, aplicar camadas e mais camadas de produtos que a pele não consegue absorver provoca um efeito oclusivo que desencadeia o aparecimento de acne e encarece a rotina cosmética.

 

A permeabilidade da pele é a capacidade do tecido cutâneo de permitir que diferentes ingredientes ativos cosméticos penetrem nele.

 

— Quanto mais permeável for, mais eficaz será a rotina. Portanto, trabalhar para melhorar sua permeabilidade é fundamental. Isto não significa que a sua capacidade de absorção seja infinita, mas sim promover a máxima permeabilidade que cada um pode ter. A pele preparada fica mais receptiva e tolera melhor a sobreposição de camadas — explica Estefanía Nieto, diretora técnica da Omorovicza.

 

Também é necessário entender como são os produtos que utilizamos, diz: — Se usarmos texturas aquosas, a pele pode absorver bastante. Com texturas oleosas cria-se um efeito barreira que impermeabiliza a pele e não permite que ela assimile mais.

 

Seu cosmético parou de funcionar? É importante acabar com o mito de que a pele se habitua aos cosméticos. — Isso não acontece, é a sua pele que muda. O estresse, por exemplo, aumenta os níveis de cortisol e altera a epiderme. Não é que ele tenha se acostumado com o cosmético, mas sim que precisa de outros princípios ativos ou texturas que não lhe damos. Embora muitas vezes os produtos não funcionem devido à impaciência dos usuários que pretendem, após três dias de uso, já obter resultados na pele — diz Lía Fabiano.

 

Mas muitas pessoas mudam a rotina e não percebem muita diferença. — Isso pode acontecer porque o novo produto tem uma concentração muito baixa de princípios ativos, ou porque você acabou de usar um cosmético mais potente e um mais fraco não faz efeito — argumenta Elisabeth San Gregorio, diretora técnica da Medik8.

 

Ainda assim, um dos principais motivos pelos quais os produtos não cumpram o que prometem é a baixa permeabilidade da pele, que pode ser decorrente do excesso de produtos. — Todas as peles têm algum grau de penetração. Os couros impermeáveis ??estão tão saturados que os produtos não conseguem penetrar bem; boa parte deles permanece na superfície e até evapora sem conseguir atender aos objetivos para os quais foram formulados — diz San Gregorio.


É possível modificar a taxa de absorção, mas é importante saber que isso depende de múltiplos fatores. — Existem produtos que penetram melhor que outros. Depende do tamanho da molécula, da sua concentração e da textura. Por outro lado, utilizar produtos que afinam a epiderme, como os hidroxiácidos, ou que a preparam para aumentar sua permeabilidade, como os tônicos, é sempre uma boa estratégia — afirma Lucía González.

 

Lía Fabiano, porém, insiste que “a pele absorve o que precisa, nada mais. Embora existam certos cuidados que facilitam a penetração de ativos”. “A pele limpa absorve melhor os cosméticos e esfoliações periódicas para remover células mortas do estrato córneo são essenciais”, continua.

 

 

Sim, Melhorar a receptividade da epiderme é bom para todos os tipos de pele porque é perceptível uma melhora considerável sem a necessidade de mudar a rotina. Os produtos penetram melhor e cumprem o que prometem. Os especialistas apontam aspectos para isso:

 

1. BOA LIMPEZA


A ausência de uma correta higiene facial diária impede uma boa absorção dos cosméticos. Se não fizermos isso, as impurezas se acumulam na superfície e deixam a pele opaca, saturada e com cravos.

 

— Recomendo dupla limpeza: comece com um produto oleoso para retirar texturas pesadas, como maquiagem ou FPS, e finalize com um gel para limpar profundamente. E tenha cuidado! Só na limpeza é preciso inverter a ordem, então é preciso continuar sempre do mais aguado para o mais denso — diz Raquel González, cosmetologista e diretora técnica da Perricone MD.

 

2. ESFOLIANTE


Não renovar a pele provoca uma camada de células mortas que diminui a permeabilidade, deixando o tom opaco e com aspecto de pele danificada.

 

— Os ácidos esfoliam suavemente a camada superficial da pele, proporcionam luminosidade, melhoram a textura e permitem a penetração dos princípios ativos porque encontram menos obstáculos para chegar às camadas profundas. O ácido salicílico melhora a pele com tendência a acne e o ácido glicólico é bom para tratar sinais de envelhecimento. Cada tipo de ácido reage de forma específica e o diagnóstico e o aconselhamento de um profissional são importantes — orienta Delia Vila da Clínica Regenera.

 


3. A REGRA DOS 3 SEGUNDOS


Na Coreia do Sul existe a regra dos três segundos para aplicação de soros e hidratantes. Consiste em deixar uma janela de três segundos após a limpeza para espalhar o soro ou creme na pele úmida.

 

— Depois de lavar o rosto, os poros ficam mais abertos e, com a umidade da pele, melhora a permeabilidade dos séruns e cremes à base de água. Além disso, quando limpamos o rosto, retiramos o excesso de oleosidade da pele. No período desde que isso ocorre até que o sebo esteja novamente equilibrado, a barreira oleosa fica menos forte e permite uma melhor penetração dos princípios ativos — acrescenta Raquel González, diretora de educação da Perricone MD.

 

4. ORDEM CORRETA DAS CAMADAS


O motivo mais comum para a não penetração dos produtos é a ordem de aplicação. — Os cosméticos devem ser aplicados do mais leve ao mais espesso, começando com fórmulas à base de água e terminando com produtos à base de óleo. A barreira cutânea é composta por lipídios e, se iniciarmos a rotina com um produto oleoso, iremos reforçá-la, criando uma película que impedirá a penetração de outros cosméticos — diz Raquel González. Devemos sempre ir do nível mais baixo ao mais alto na escala do aquoso ao oleoso.

 

— Tônicos e soros hidratantes ricos em ingredientes como ácido hialurônico ou niacinamida devem sempre ser os primeiros. Depois, continuamos com produtos com maior peso molecular. Neste sentido, podemos encontrar certos soros de vitamina C, derivados de cobre ou peptídeos que servem para resolver preocupações específicas. Por fim, tudo o que serve para reter a hidratação como manteiga de karité, esqualano ou ceramidas — afirma Isabel Reverte, diretora técnica da Rosalique.

 

5. NA QUANTIDADE CERTA


Usar muito hidratante pode deixar seu rosto oleoso e potencialmente causar erupções cutâneas. Para Delia Vila “o creme hidratante deve ser aplicado em quantidade suficiente, sem saturar demais a pele e melhor com uma leve massagem que favoreça sua total absorção”. E qual tamanho é suficiente?


— Geralmente equivaleria a uma ervilha para o rosto e a uma amêndoa se incluirmos o pescoço e o decote. Na hora de estendê-la é muito importante fazê-lo com massagens suaves, sem esticar a pele, pois esse gesto repetitivo pode promover rugas e flacidez dos tecidos. Deve ser feito do meio do rosto até o queixo, de dentro para fora com pequenas massagens. Na testa, de baixo para cima e no pescoço, com movimentos ascendentes — explica Lía Fabiano da LF Clinic.

 

A rotina coreana com múltiplas camadas e produtos confronta algumas das tendências atuais, como o jejum cosmético ou o skinimalismo. Como podemos escolher aquele que melhor se adapta à nossa pele?

 

— Depende do estilo de vida, tipo de pele e necessidades específicas. Se for necessário resolver muitas preocupações, rotinas completas com vários passos são a melhor escolha, desde que preparemos a pele para poder assimilá-las — afirma Raquel González.

 

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Por outro lado, as peles saturadas por aplicarem mais produto do que necessitam “devem optar pela lei do menos é mais. Mas para acertar é sempre necessário colocar-se nas mãos de um especialista que avalia o estado da pele”, finaliza Delia Vila.

 

Fonte: O Globo

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