Evento tradicional terá atrações como a ex-Spice Girl Mel C e lembrará os 50 anos de Stonewall, marco do ativismo gay; organizadores esperam três milhões de participantes
Mais do que uma celebração dos direitos conquistados pelos homossexuais nos últimos anos , a 23ª edição da Parada do Orgulho LGBT , que começa às 10h deste domingo, em São Paulo, deve ter uma forte carga política.
Os organizadores elegeram como tema os 50 anos de Stonewall , lembrando um episódio de repressão policial em Nova York que se tornou marco para o ativismo LGBT em todo o mundo.
Também são esperadas manifestações contra o presidente Jair Bolsonaro , que, entre outras declarações, disse recentemente que o Brasil "não pode ser o país do turismo gay" e criticou a recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que criminalizou a homofobia .
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Evento pré-Parada LGBT ocupou a avenida Paulista
Os organizadores esperam atrair três milhões de pessoas para o ato, que começa na Avenida Paulista e segue para o centro de São Paulo.
O público poderá se dividir entre 19 trios elétricos, um a mais do que no ano passado, onde acompanhará discursos e shows de música. Eles começam a andar pela avenida Paulista ao meio-dia. O último carro deve chegar ao fim da rua da Consolação, onde ocorre a dispersão da marcha, às 18h.
Uma das presenças internacionais mais aguardadas é da ex-Spice Girl Mel C . Completam a lista de atrações Luisa Sonza, Iza, Gloria Groove, Aretuza Love, Lexa e Mc Pocahontas.
Manifestantes durante a Caminhada de Lésbicas e Bissexuais na avenida Paulista,
na tarde de sábado (22) (Fotos: Kevin David / A7 Press / Agência O Globo)
Apesar dos números musicais, o tom político da parada fica evidente já na escolha do tema. Claudia Regina, presidente da ONG APOLGBT SP — que organiza o evento —, lembra que Stonewall é um marco na luta pelos direitos LGBT.
Em junho de 1969, a comunidade gay de Nova York organizou uma série de manifestações para protestar contra a invasão policial num bar chamado Stonewall Inn, em Manhattan. Na época, manter relações sexuais com pessoas do mesmo sexo ainda era considerado crime nos Estados Unidos. O episódio incentivou, no ano seguinte, a realização de marchas LGBT em algumas das principais cidades norte-americanas.
— (Stonewall) Mostra que, independentemente do governo ou de qualquer ameaça que enfrentamos diariamente na rua, precisamos ser fortes, resistir e sermos nós mesmos, vivendo e lutando por nosso amor, que não difere em nada do amor de outras pessoas — disse Claudia, durante a coletiva de imprensa para apresentação do evento.
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A prefeitura de São Paulo patrocina o evento, com R$ 1,8 milhão, e disponibiliza a infraestrutura de segurança e trânsito para a realização da passeata. Haverá bloqueios em ruas próximas ao trajeto feito pela marcha.
Segundo o prefeito Bruno Covas (PSDB), no ano passado o impacto econômico do ato na capital paulista foi de R$ 288 milhões.
O Globo