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29/08/2020

Primeiras-damas, dinheiro vivo, doleiros no Uruguai: MPF aponta semelhanças em esquemas de Witzel e Cabral

Foto: Divulgação

Na denúncia que levou ao afastamento do governador, procuradores citaram que se viram em um

As mais de 400 páginas do processo do Ministério Público Federal que detalha as acusações de corrupção do governo de Wilson Witzel mostram que há muitas semelhanças entre o suposto esquema do atual governador com o praticado pelo ex-governador Sérgio Cabral – e, em parte, também por Luiz Fernando Pezão, que segundo o MPF deu continuidade aos crimes do antecessor.

 

“Nós nos vimos como num túnel do tempo, revendo velhos fatos que nós já havíamos investigado, mas agora com outros personagens”, declarou o procurador federal Eduardo El Hage.


Na sexta-feira (28), policiais federais e procuradores da República cumpriram medidas determinadas pelo ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça. Foram determinados 83 mandados de busca e apreensão, 16 de prisão e o afastamento do governador Witzel por seis meses – o vice Cláudio Castro, que também é investigado mas não foi afastado, assumiu o cargo.

 

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Os procuradores dizem que, nas investigações, encontraram uma organização criminosa no governo do estado que replicava o esquema praticado pelos últimos ex-governadores.

 

Os documentos divulgados mostram os pontos em comum:

 

Escritório de advocacia para a lavagem de dinheiro - Witzel teria se utilizado do escritório da mulher, Helena. Já Cabral, do escritório de Adriana Ancelmo


Transportadora de valores - No caso de Wilson Witzel, seria usada a empresa Fênix para transporte de dinheiro; Cabral usava a TransExpert


Doleiros no Uruguai - os dois usariam doleiros do país vizinho para lavar dinheiro


Pagamento em 'cash' - As despesas do dia a dia eram pagas em dinheiro.

 

Primeiras-damas

 

A repetição que mais chama atenção é a participação da primeira-dama do estado: as advogadas Helena Witzel e Adriana Ancelmo.

 

A investigação diz que o “escritório da primeira-dama, Helena Witzel, foi utilizado para escamotear o pagamento de vantagens indevidas ao governador Wilson José Witzel, em típico esquema de corrupção e lavagem de dinheiro”.

 

Há, no entanto, uma diferença entre as primeiras-damas. Enquanto Adriana Ancelmo tinha um escritório de renome na advocacia, Helena atuava de forma mais discreta e recente no ramo.

 

O MPF concluiu que ela tinha casos pouco expressivos antes de Witzel virar governador. Após a posse, fechou quatro contratos com empresas ligadas a Mario Peixoto e Gothardo Lopes Neto, ex-prefeito de Volta Redonda preso na operação de sexta-feira.

 

Pagamentos em dinheiro


A busca e apreensão feita no Palácio Laranjeiras em maio descobriu que o governador Witzel costumava pagar as despesas da família em espécie: escola dos filho: a escola de idiomas dos filhos, as mensalidades do Clube Naval. Boletos que, segundo os procuradores, foram pagos em dinheiro vivo na boca do caixa.

 

Os investigadores afirmam que esse procedimento faz parte de um esquema de lavagem de dinheiro, “como do ex-governador Sérgio Cabral, que fazia uso do expediente para saldar suas obrigações financeiras”.

 

Transporte de dinheiro


O ex-secretário de Saúde Edmar Santos falou sobre uma outra semelhança dos esquemas de corrupção: o uso de uma transportadora de valores pra guardar o dinheiro da propina, No depoimento, Santos contou como os valores seriam repartidos:

 

30% para o próprio Santos


20% para Witzel


20% para o Pastor Everaldo


15% para Edson Torres


15% para Victor Barroso


A investigação apurou que Victor Barroso é sócio da empresa Fênixx, transportadora de valores, e seria o operador financeiro do grupo.

 

Edmar Santos disse ainda que, após a empresa de transporte de valores que trabalhava para Cabral ser envolvida em investigações, a Fênix passou a também fazer o transporte de valores em espécie e foi também envolvida em investigações.

 

Doleiros no Uruguai


Segundo as investigações, Witzel teria um representante no Uruguai (o nome não foi divulgado).

 

Cabral também fazia negócio, segundo o MPF, com os doleiros no país vizinho: Vinícius Claret, conhecido como Juca Bala, e Claudio Fernando de Souza

 

Tris in Idem


Cabral, Pezão e Witzel. As semelhanças que as autoridades encontraram entre os três governadores foi a origem do nome da operação: Tris in Idem. “Tris” de três vezes ou ”Tris” da tristeza que se instalou no Palácio Guanabara e insiste em ficar.

 

O que dizem os citados

 

O advogado de Witzel, Ricardo Sidi, disse que vai recorrer contra a decisão de afastamento do governador por entender que ela é ilegal.

 

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O advogado de Helena Witzel disse que não há nada nos autos de investigação que leve a crer que esposa de Witzel tenha de alguma forma participado de atos ilícitos. A defesa disse ainda que tem "convicção de que a ação penal não vai prosperar". 

 

G1

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