Partido quer desbancar tese defendida por apoiadores de Bolsonaro de que houve infiltrados de esquerda na depredação da Esplanada
O PT quer aproveitar a visibilidade da CPI do 8 de janeiro que vai investigar a manifestação golpista de 8 de janeiro para contra-atacar o discurso bolsonarista sobre o episódio.
Após o cerco se fechar contra os organizadores e financiadores dos atos, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro passaram a defender que a quebradeira nos prédios dos Três Poderes teria envolvimento do próprio governo Lula.
Também passaram a cobrar a instalação da CPI para investigar o suposto envolvimento dos petistas no caso, mas recuaram após o Palácio do Planalto resolver se reapropriar da pauta e formar maioria na comissão.
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Na última segunda-feira, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou para tornar réus 131 denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por envolvimento nos ataques. Ato todo, 1.045 pessoas já se tornaram rés na Corte, que analise desde abril as denúncias. A PGR, por sua vez, apontou indício de crime contra 1.390 investigados.
A ofensiva do PT começou na quinta-feira e deve se estender de acordo com o clima dos trabalhos da CPI. O partido compartilhou o primeiro de uma série de vídeos, de pouco mais de dois minutos, produzidos para ajudar o partido a "desmistificar" a narrativa bolsonarista.
'Nunca foi pessoal': Deltan Dallagnol vê 'animosidade' no meio político e lembra denúncia que apresentou contra Lira e o pai Intitulado "Bolsonaro é a cara do golpe", a peça visa afirmar que o PT foi vítima, e não articulador, do ato golpista. As imagens incluem cenas das depredações nos prédios e declarações de apoiadores de Bolsonaro sobre uma suposta fraude nas eleições, nunca provada.
"Enquanto o Brasil elegia um novo futuro, confiando na impunidade, conspiradores planejavam como instalar o caos, para manter o seu capitão no cargo", diz o vídeo.
O partido também colocou no ar um site chamado "CPMI do Golpe", com matérias, vídeos, podcast e material de apoio sobre o assunto. Há também uma aba para denúncias sobre informações falsas a respeito da comissão de inquérito.
"Em 8 de janeiro de 2023, apoiadores de Jair Bolsonaro invadiram e atacaram as sedes dos Três Poderes com a clara intenção de promover um golpe de Estado e impedir que Lula, eleito democraticamente, governasse o país. Este site foi criado para reunir as várias provas existentes de que esses terroristas agiram sob orientação de Bolsonaro e seus cúmplices e foram financiados por empresários antidemocráticos e fiéis ao ex-presidente", diz a descrição do site.
— A gente entendeu que era necessário ter essa dinâmica de comunicação, porque a rede social é uma das principais trincheiras do bolsonarismo. Eles usaram uma estratégia de comunicação para convocar as pessoas a um golpe de Estado, então é indispensável a gente ter um contraponto a essa guerrilha de comunicação deles — afirma o deputado federal Rubens Rubens Pereira Júnior (PT-MA), um dos membros da CPI.
A estratégia se dá em meio à preocupação dos petistas de que bolsonaristas usem a visibilidade da CPI mista para difundir o próprio discurso. A comissão é presidida pelo deputado Arthur Maia (União-BA), nome de confiança do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Já a relatoria foi entregue à senadora Eliziane Gama (PSD-MA), o que representa uma vitória para o governo.
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Fonte: O Globo