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21/06/2020

Quando o homem dá à luz: pessoas trans mostram como vivem a maternidade

Foto: Divulgação

Danna e Esteban são transgêneros e se tornaram famosos na internet porque ele engravidou. Caso já ocorreu no Brasil com Taris e Frank

A modelo colombiana Danna Sultana, transexual, e seu noivo porto-riquenho Esteban Landrau, também transexual, decidiram usar as redes sociais para compartilhar os preparativos para a chegada de Ariel, primeiro filho do casal.

 

Apesar de perfis sobre maternidade serem comuns, inclusive entre casais LGBTs, a empreitada repercutiu internacionalmente pelo fato do bebê estar sendo gestado por Esteban.

 

Os dois se conheceram em Miami, em 2019, se apaixonaram e descobriram vários desejos em comum, como o de formar uma família. Foi aí que decidiram interromper o tratamento hormonal de Esteban e tentar engravidar.

 

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Em entrevista ao Metrópoles, Danna contou que ambos estão morando em Porto Rico, país que acreditam ser mais preocupado com questões de gênero e com os direitos da comunidade LGBTQIA+. “Pouco se fala sobre transgêneros no meu país. A raiz do problema é que não temos educação para todos na Colômbia”, observou Danna.

 

Eu sou uma mulher trans, meu noivo é um homem trans. Nos conhecemos e soubemos que deveríamos ficar juntos. Agora, queremos ampliar a família. Sabemos que é um caminho difícil, mas estamos juntos e nos amamos. Vamos criar Ariel como um homem cisgênero e ele será como todos os porto-riquenhos e norte-americanos.

 

Apesar do país ter vivido uma onda recente de violência às pessoas trans, Danna acredita que a família será feliz. “Há intolerância em todo lugar, é inevitável lidar com ela. Mas, como mãe, espero oferecer um lar seguro para nosso filho”, diz.

 

Reação dos internautas


No YouTube, Danna e Esteban interagem com os internautas, esclarecem dúvidas e compartilham eventos comuns da gestação, atualmente no oitavo mês. “Foi uma gravidez tranquila, sem problemas e enjoos”, disse Esteban.

 

A reação dos seguidores aos vídeos quase sempre é positiva. Comentários depreciativos também aparecem. Esses, porém, são ignorados. “São atitudes que refletem a ignorância da sociedade em relação a esse tipo de família. Nos concentramos no fato de que estamos inspirando outros casais a sentirem orgulho de quem eles são e a entenderem que a diversidade sexual e a identidade de gênero são coisas muito diferentes”, ponderou Danna.

 

 

Transição de gênero


A transição de Danna para o gênero feminino ocorreu quando ela tinha 21 anos. Apesar de ter crescido com o apoio e o amor da famíli, a jovem decidiu deixar a casa dos pais em Medelín por considerar a comunidade onde vivia excessivamente conservadora.

 

Em Bogotá, a carreira da modelo ganhou notoriedade depois que ela participou de um famoso reality show. Convidada a se apresentar como artista em clubes de Nova York e Miami, ela acabou conhecendo Esteban.

 

Morando com o amado em Porto Rico desde o início da pandemia do coronavírus, a artista se diz feliz, sobretudo pela oportunidade de contribuir com as pautas das pessoas trans.

 

 

“Sinto que estamos ajudando as pessoas a se tornarem visíveis para sociedade, tentando demonstrar que nossos direitos são os mesmos de todos, são direitos humanos”.

 

Questionada sobre como estrangeiros veem a questão dos transgêneros no Brasil, ela diz considerar o país “razoavelmente” tolerante. “Como disse, em todo lugar tem violência, dificuldades. Mas tenho muitos amigos que vivem aí e sentimos vontade de conhecer’, reforçou.

 

Taris, Frank e Antonella


A experiência vivida por Danna e Esteban não é inédita. No ano passado, o Metrópoles noticiou o caso de Taris de Souza e Frank Teixeira, que concretizaram o sonho de terem um filho juntos. O acontecimento teve grande repercussão em Itapira, cidade a 166 quilômetros de São Paulo, onde eles vivem. Isso porque quem deu à luz também foi o pai.

 

Taris fez 11 tentativas frustradas de inseminação caseira. Frank é um homem transexual, e resolveu testar a inseminação nele mesmo. Ele estava há seis meses sem tomar ampolas de testosterona. Na primeira e única tentativa, engravidou.

 

Quando o casal se conheceu, há seis anos, Frank ainda se identificava com o gênero feminino. Após dois anos juntos, ele começou a tomar hormônios masculinos e não fez mastectomia. Por isso, ambos podem amamentar juntos a filha Antonella.

 

Taris, Antonella e Frank | Casal trangenero em que o homem gerou o bebê



De acordo com a ex-presidente da Comissão de Diversidade Sexual da OAB-SP e doutora em Direito


Adriana Galvão, apesar de não haver, em âmbito legislativo, normas explícitas para pessoas LGBTs, o Judiciário tem atuado para garantir respaldos legais.


“Antes, a única forma de transexuais e travestis alterarem seu registro civil era por meio de decisões judiciais. Isso mudou graças a uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Hoje, é possível fazer a retificação diretamente no cartório, apresentando alguns documentos pessoais”, explica.

 

“Não estamos mais na época de Roberta Close, em que era necessário apresentar um exame de mudança de sexo. Juízes também não podem mais exigir perícia e pareceres médicos. É um avanço”, defende a profissional.

 

Embora seja incomum, a situação de Danna, Esteban, Taris e Frank também não é novidade do ponto de vista jurídico. Há várias decisões positivas para casais compostos por uma ou duas pessoas trans. O registro de nascimento de crianças, frutos dessas relações, deve ser feito diretamente no cartório, de acordo com o registro dos pais.

 

Danna e Esteban afirmam que o Brasil é bem visto na questão de direitos LGBTs pela comunidade trans na América Latina

 

Danna Sultana e Esteban Landrau

Fotos: Divulgação 


Também há decisões que estendem a licença maternidade para o parturiente e a mãe. Adriana, no entanto, explica que se o homem gestou, o casal geralmente precisa ingressar na justiça para que o INSS conceda o mesmo período de afastamento para ambos os genitores.

 

Adriana explica que essas dificuldades advém da falta de empenho do legislativo em discutir leis que contemplem todas as possibilidades da diversidade sexual e de gênero.

 

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“Não temos legislação específica tratando dessas matérias e é muito difícil aprovar leis para os LGBTs no Brasil. Atualmente, muita coisa avançou em âmbito administrativo. Não porque uma lei modificou isso e, sim, porque o Judiciário tem se esforçado para regulamentar direitos constitucionais, com o entendimento de que se não for assim, esse público continuaria sem usufruí-los por muito tempo”, finaliza a advogada.

 

Metópoles 

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