Acredite, isso não é um sinal de fraqueza das suas habilidades, mas sim uma falta de competência das empresas nos processos de recrutamento
Quem nunca ouviu que os “funcionários são o maior ativo que temos!”? Quem, ao procurar emprego, não teve que preencher inúmeros formulários repetitivamente?
Quem não recebeu uma mensagem dizendo que seu currículo seria guardado para futuras vagas - e jamais foi contatado para qualquer dessas oportunidades? Acredite, isso não é um sinal de fraqueza das suas habilidades, mas sim uma falta de competência das empresas nos processos de recrutamento.
Vamos começar pelos formulários. Não seria mais prático ter uma base unificada com nossas informações, incluindo CV, exames psicológicos, artigos, entre muitos outros dados, onde as empresas pudessem solicitar acesso, que seria concedido ou não por nós? Desta forma, mesmo se o recrutador precisar de mais algumas informações, elas estariam registradas em nossa ‘base pessoal’ - evitando a necessidade de fornecê-las novamente caso outra seja solicitado por outra empresa.
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Outro benefício desta base unificada é o controle sobre a privacidade. Se não desejamos compartilhar nossos dados, um botão poderia encerrar o acesso. Este mesmo sistema em cima de uma base única funcionaria parecido aos nossos eMails hoje. Você pode usar Outlook, Gmail ou outra ferramenta, mas existe interoperabilidade entre eles graças aos protocolos abertos e padronizados.
Seguimos então para o famoso desafio das entrevistas. No livro “Pensando Rápido e Devagar” do psicólogo considerado “pai da economia comportamental”, Loreto Daniel Kahneman, ele menciona o quanto as entrevistas para os processos seletivos das forças de defesa de Israel eram insignificantes para avaliar o potencial dos candidatos, mas ainda assim definia o seu futuro.
Ele inseriu no sistema o conceito de algoritmos. Entrevistas conduzidas por IA, podem avaliar a evolução do profissional ao longo de um período de um ano ou de uma vida, e por exemplo, prover à ele recomendações de como e onde adquirir habilidades ausentes, indicando pontos de melhoria, e para a empresa contratante trazer análises factuais.
Desta forma, o processo seletivo seria mais eficiente pois não seria necessário divulgar a vaga, contatar headhunters e esperar que os candidatos respondessem, para só então, avaliar as respostas. Seria mais como: “IA, preciso de um executivo para liderar a área de Relacionamento com Investidor”. A inteligência faria algumas perguntas como: “Qual é a senioridade que deseja?”, “Que línguas são importantes que ele fale”? “Fale um pouco da cultura de sua empresa”, “Quanto deseja pagar?” - E, em segundos, dezenas de candidatos seriam pré-selecionados de uma base de bilhões de pessoas, com ênfase nos mais adequados para a vaga.
A IA poderia ainda apresentar uma análise completa de cada um deles com pontos positivos e negativos, e, em certos casos, automatizar o processo por completo. Muito se escuta sobre os problemas de ética da IA, mas se esquecem que o ser humano também tem preconceitos. É mais fácil dizer para uma tecnologia ignorar sexo, idade e nacionalidade do que esperar que um ser humano ignore aspectos culturais, que são muitas vezes inconscientes.
Um padrão universal para uma base de dados de candidatos poderia permitir olhar opções de outros países, podendo assim maximizar o retorno para o candidato e a empresa. No meu artigo anterior, “Potencial Global para Desafios Sem Fronteiras”, falo sobre como profissionais talentosos em países em desenvolvimento como Índia, Paquistão e Egito, podem oferecer seus serviços a um preço muito superior ao que receberiam em seus mercados locais, onde a demanda é limitada, ao mesmo tempo em que ampliam suas habilidades e o bem estar social de sua comunidade.
Isso eventualmente teria impacto na inovação, resultados financeiros das empresas, arrecadação de impostos, seguro social, PIB global e muito mais. A IA poderia apontar, se a empresa permitir, por fim, quais são as lacunas no CV do candidato, algo que cria muita angústia em pessoas que não entendem porque não são chamadas para entrevistas, porém mantendo a privacidade da empresa.
Um sistema desse conseguiria reconhecer e filtrar tentativas recorrentes de ‘enganar o contratante’ - como por exemplo, aqueles que dizem que falam bem inglês, porém ‘no mucho’. Como empresário e executivo, o mais importante para mim é algo que não está no currículo e que os seres humanos são muito ruins em identificar: se posso ou não confiar naquele ser humano. Uma super IA poderia por meio de inconsistências reconhecer o nível de credibilidade, integridade, ética e reputação do candidato. Isso incentivaria os profissionais a refletirem sobre suas atitudes e a focarem mais no seu desenvolvimento pessoal e menos em burlar o sistema.
Fotos: Reprodução
A IA teria mais facilidade de identificar o match cultural entre a empresa e o candidato, o que aumentaria o engajamento do funcionário, um sério problema hoje para o mundo corporativo. Mensurar inteligência emocional de forma mais científica e menos baseada em ‘feeling’. O celular, com a permissão do candidato, poderia se tornar um sensor. Aplicativos com uso da tecnologia poderiam gravar, analisar suas conversas diárias, eMails e usar isso para definir uma série de características e habilidades como por exemplo, educação, capacidade de aguentar stress, nível de escrita, entre tantas outras coisas. Assim, uma quantidade de informações que você ou uma empresa jamais teria acesso, agora poderá proporcionar indicativos objetivos sobre essas características.
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Imperfeitos somos nós, seres humanos, mas não o tempo todo. O maior problema desse sistema seria sua conduta referente ao direito de errar. Vamos dizer que um determinado candidato mentiu, foi pego pelo sistema, e tem seu ‘truth score’ perto de um zero absoluto. Ele nunca mais receberá uma oportunidade? E se um candidato tivesse um exame de sangue positivo para drogas, ele seria eternamente rotulado como adicto?
Fonte: Portal iG