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14/01/2021

Sem auxílio emergencial, Brasil deve ter mais de 20 milhões em pobreza extrema

Foto: Reprodução

Entre 10% e 15% da população viverão com menos de R$ 155 por mês em janeiro, cinco meses após alcançar mínima histórica de 2,3%, prevê economista. Em meio à pandemia, opção seria pagar valor menor a menos pessoas.O fim do pagamento do auxílio emergencial, enquanto a economia ainda não se recuperou da pandemia e os números de casos e mortes por covid-19 seguem em alta, elevará a parcela de brasileiros vivendo em pobreza extrema, com renda familiar per capita menor que R$ 155 por mês, a 10% a 15% da população, algo entre 21 milhões e 31 milhões de pessoas.

 

A cifra é de duas a três vezes maior que o último dado disponível, de novembro, quando o valor do auxílio emergencial já havia sido cortado à metade, e 5% da população, ou 10,7 milhões de pessoas, viviam nessa condição de escassez extrema. Os números foram calculados pelo economista Daniel Duque, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).

 

A evolução é mais dramática se comparada à taxa de pobreza extrema de agosto de 2020, a menor da história do país, quando apenas 2,3% da população vivia nessa situação, ou 4,8 milhões de pessoas. Cinco meses depois, o Brasil deve voltar a ter uma taxa de pobreza extrema comparável à do período de 2006 a 2010, segundo os cálculos de Duque.

 

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O auxílio emergencial chegou a 68 milhões de pessoas, cerca de um terço dos brasileiros. O benefício pagou R$ 600 por mês (ou R$ 1,2 mil por mês para mães chefes de família) de abril a setembro, e metade desse valor de outubro a dezembro. Custou cerca de R$ 320 bilhões, ou 4,4% do PIB de 2019, despesa que só se tornou possível graças ao Orçamento de Guerra aprovado para combater a pandemia, que liberou o governo para gastar acima do que o Orçamento e o teto de gastos permitiam.

 

Duque afirma que o primeiro trimestre será especialmente difícil para as famílias mais pobres não somente pelo fim do auxílio, mas também pelo encerramento de outros programas do governo para estimular a economia, pelo padrão histórico de alta no desemprego nos primeiros meses de todos os anos e pela alta de casos e mortes por covid-19, que já está levando ao aperto das restrições à circulação de pessoas.

 

Ele diz que o governo tinha alternativas em 2020 para criar um novo programa social permanente, mais abrangente que o Bolsa Família, mas não o fez, e agora o espaço no Orçamento é muito limitado. O economista defende, no entanto, uma prorrogação do auxílio com um valor abaixo de R$ 300 e para um número menor de pessoas. “Mas isso é enxugar gelo, a melhor solução não foi tomada, e agora a gente só pode conseguir algo mais permanente no ano que vem”, considera.

 

Duque alerta também para uma maior dificuldade de medir a pobreza ao longo deste ano. Em maio de 2020, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) começou a realizar mensalmente uma edição especial da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, a Pnad Covid, para avaliar os impactos da pandemia na população. Essa série foi encerrada em novembro, e a divulgação dos dados voltou a ser anual.

 

“A Pnad Covid permitiu que analisássemos mês a mês como estavam caminhando a pobreza e a pobreza extrema. É uma pena, pois estamos em plena segunda onda e seria relevante esse dado”, diz.

 

DW Brasil: Como será o primeiro trimestre do ano para as famílias mais pobres, sem auxílio emergencial?

 

Daniel Duque: O mercado de trabalho vai combinar três fatores muito difíceis. O primeiro é a segunda onda da pandemia, que já está levando ao aumento de restrições, fazendo com que a economia sofra um novo baque. Adicionalmente, temos uma questão sazonal, o desemprego sempre aumenta no primeiro trimestre em relação ao último trimestre do ano anterior, normalmente já tem essa piora da renda de parte da população. E o terceiro é o fim não só do auxílio emergencial, mas de outros estímulos do governo, como o Programa de Manutenção de Emprego e Renda. Temos uma conjunção que vai atuar para uma piora da vida dos rendimentos da população e que vai afetar principalmente os mais pobres.

 

E há uma agravante, os instrumentos que o governo já está pensando em usar para diminuir um pouco o efeito negativo na economia são ligados à economia formal, como adiantamento do 13º salário e do abono salarial. Isso não vai beneficiar diretamente a população mais pobre, que em grande parte vive na informalidade.

 

É possível medir o impacto da redução do valor do auxílio emergencial em setembro, de R$ 600 para R$ 300, na pobreza e na desigualdade?

 

Sim. A pobreza extrema [famílias com renda mensal per capita menor que R$ 155] chegava a 2,3% da população em agosto, ou 4,8 milhões de pessoas. Em novembro, pulou para 5%, ou 10,7 milhões de pessoas, mais do que dobrou.

 

Em relação a todos os que estão abaixo da linha da pobreza [famílias com renda mensal per capita menor que R$ 455] a gente saltou de 18,4% em agosto, ou 38,9 milhões de pessoas, a mínima histórica, para 23,9%, ou 50,1 milhões.

 

O principal aumento aconteceu na região Nordeste. Lá, a pobreza extrema estava em agosto em 3% da população da região [1,7 milhão de pessoas], uma proporção muito baixa, e em novembro chegou a 9,9% [5,6 milhões de pessoas].

 

E agora que o auxílio acabou de vez, qual será o impacto na pobreza e na pobreza extrema?

 

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A população em pobreza extrema no mês de janeiro deve ficar entre 10% e 15% [21 milhões a 31,6 milhões de pessoas], e em relação a todos abaixo da linha de pobreza, de 25% e 30% [52,7 milhões a 63,3 milhões de pessoas].

 

Fonte: Revista IstoÉ

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