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Esporte no Amazonas
14/05/2021

Sob cheia histórica e nova variante, público no estádio não pode ser prioridade no Amazonas

Foto: Reprodução

Federação Amazonense, finalistas do estadual e Governo debatem sobre possível liberação de público para o segundo jogo da decisão

Nas últimas semanas uma série de reuniões foram realizadas para debater uma possível liberação de público para o segundo jogo da final do Campeonato Amazonense, programada para o dia 22 de maio, na Arena da Amazônia.

 

Até esta sexta, toda a discussão pertencia a um campo abstrato, até que o Diretor de Competições da Federação Amazonense de Futebol (FAF), Roberto Peggy, avisou que a imprensa será convocada para uma reunião na terça, dia 18, e que contará também com a presença dos clubes finalistas, Manaus e São Raimundo, e de membros do Governo do Amazonas, para bater o martelo.

 

Convenhamos: há necessidade de chamar jornalistas para dizer que o estádio não será aberto para o público? Normalidade não é notícia. Ou seja: tudo leva a crer que houve um acordo, e os portões serão abertos para um jogo de futebol no Amazonas após 14 meses - a última vez foi no dia 15 de março de 2020.

 

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Dito isso, vamos ao que realmente importa: esse é o momento ideal para a reabertura dos portões no Amazonas? Não dá para esquecer que há quatro meses, com o sistema de saúde colapsado, faltavam oxigênios, e vidas humanas morriam asfixiadas nos hospitais.

 

Manaus e São Raimundo decidem o título do Amazonense — Foto: João Normando/FAF

 

Uma vez, o italiano Arrigo Sacch disse: "o futebol é a coisa mais importante dentre as coisas menos importante". Não quero diminuir a importância do maior esporte do planeta, mas sim deixar claro a imprudência dessa pauta no contexto atual.

 

Enquanto membros do Governo do Estado dedicam seus tempo e esforço para descobrir uma forma menos perigosa para dar continuidade a esse projeto, a população amazonense sofre com a segunda maior cheia da história. Neste momento que você lê essa opinião, famílias estão abandonando suas casas que foram tomadas pela água. O nível do Rio Negro chegou a 29,64 metros nesta sexta.

 

A expectativa dos especialistas é que a cheia ultrapasse a marca histórica de 2012, quando o rio subiu a 29,97 metros. 15 bairros foram atingidos pela cheia na capital, que está em situação de emergência. Até o vereador responsável pelo ofício pedindo a liberação do público, Allan Campelo (PSC), disse que não se baseou em nada específico. E, para ele, o Governo tem outras prioridades para tratar.

 

Nós fizemos um pedido e ele deve entrar em analise. Eles quem vão dizer se tem condição ou não. Na minha opinião da sim, dentro das prioridades. Estamos tendo outras prioridades. Estamos tendo alagações em Manaus e no interior. Não é prioridade do Estado hoje desperdiçar tempo ou trabalho para organizar uma partida de campeonato amazonense."


— Allan Campelo, presidente da Comissão de Esportes da Câmara Municipal de Manaus


- Minha maior preocupação é, se caso vier a ter um número limitado dentro do protocolo, é o público aderir, fazer o que tem ser feito. Muitas vezes, parte da população acaba quebrando esse protocolo. Um exemplo é a praça do Caranguejo, no Eldorado. Minha preocupação é essa. É de se fazer um protocolo mínimo, respeitando todas as medidas preventivas, todos os protocolos e parte da população quebrar - disse.

 

Ofício encaminhado ao governador do Amazonas, Wilson Lima — Foto: Divulgação

 

Agora uma informação que todo mundo sabe: a cheia não é o maior dos problemas, e sim mais um deles. É verdade que a pandemia da Covid-19 no Amazonas está mais controlada, só que ainda assim morreram cinco pessoas nas últimas 24 horas por complicações do vírus. Já foram registrados 579 casos.

 

Há exatos quatro meses, no dia 14 de janeiro, 179 famílias não puderam chorar de perto a morte do ente querido. Um recorde triste e recente. Do início da pandemia para cá, 12.792 pessoas morreram. E já que o assunto é futebol... 12.792 equivale a 29% da capacidade total da Arena, 19% a mais que os 4 mil desejados na decisão. Quatro mil pessoas, inclusive, é o número total de mortos na China.

 

Outro argumento que se opõe a uma possível - e até imprudente - abertura dos portões é o ritmo da vacinação no estado. Até a publicação desta matéria, somente 336.684 pessoas foram vacinadas, o que representa a 15% dos 4,2 milhões de cidadãos amazonenses. No Reino Unido, os estádios só vão abrir nas últimas duas rodadas da Premier League. A região já conta com 53% da população vacinada.

 

Falando nisso, o Governo do Estado confirmou, nesta quinta, um caso de variante da Covid-19 do Reino Unido em Manaus. E não se sabe ainda o tamanho desse problema. Um pesquisador da Fiocruz, Felipe Naveca, disse que mais de 100 pessoas foram testadas para identificar se essa variante já se espalhou no Amazonas. Já pensou se a notícia for ruim?

 

Covid-19 no Amazonas está mais controlado, mas ainda há riscos — Foto: Istock Getty Images

Fotos: Reproduções

 

Se fizermos uma lista de prós e contras, inevitavelmente a balança vai pesar para a oposição. O ponto favorável é a possibilidade de renda positiva para os clubes, mas nem esse dinheiro é algo de certeza. Os dirigentes sempre reclamaram que pagam para fazer futebol.

 

E os números atestam as constatações. Os dois últimos jogos com público no Amazonense foi no dia 15 de março, e curiosamente os dois finalistas estavam em campo. O São Raimundo enfrentou o Fast na Colina e teve uma despesa de R$ 3.480. Já o Manaus encarou o Nacional na Arena da Amazônia, e a renda também foi negativa: R$ 667.

 

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É sabido que os clubes estão em situação financeira complicada, mas abrir os portões para um jogo isolado não vai resolver o problema. Afinal, tanto Série C quanto Série D são organizados pela CBF, que ainda não pensa na liberação. A própria FAF vem tentando ajudar. As partidas finais terão grande parte dos custos subsidiados pela Federação, como arbitragem, ambulâncias e logística da Polícia Militar.

 

Fonte: Globo Esporte

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