03 de Maio de 2024 - Ano 10
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20/03/2023

Trabalhadores encontrados em fábrica de cigarros em Duque de Caxias foram trazidos do Paraguai com olhos vendados

Foto: Reprodução

Uma operação da Polícia Federal estourou nesta segunda-feira, no bairro da Figueira, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, uma fábrica clandestina de cigarros. No local, foram localizados e resgatados 19 trabalhadores paraguaios que eram mantidos em situação análoga à escravidão. Segundo os policiais, a fábrica tinha grande capacidade de produção e era responsável pela distribuição dos cigarros em todo o estado do Rio de Janeiro.

 

Foi o segundo caso no mesmo município em pouco mais de sete meses e com trabalhadores na mesma condição. A PF informou que os estrangeiros estavam alojados na própria fábrica. O local onde eles foram encontrados, segundo a Polícia Federal, não tinha nenhuma condição de higiene. Os trabalhadores dividiam espaço com animais, esgoto a céu aberto e com os próprios resíduos oriundos da produção dos cigarros. Eles eram submetidos a uma jornada excessiva de trabalho. Eram 12 horas por dia, sete dias na semana, em dois turnos, inclusive durante a madrugada, sem direito a descanso semanal.

 

Além de não receberem nenhuma remuneração pelos serviços prestados, tinham a liberdade de locomoção restrita, e ainda eram forçados a trabalhar sem equipamentos de proteção. Os trabalhadores resgatados disseram aos policiais que foram trazidos do Paraguai com os olhos vendados, mediante a promessa de que iriam trabalhar na produção de roupas.

 

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Equipamentos da fábrica fechada — Foto: Divulgação

 

Chegando aqui, foram encaminhados para as instalações da fábrica, onde eram mantidos presos desde então. De acordo com a PF, os estrangeiros sequer tinham conhecimento da localidade em que se encontravam. Eles também relataram que mantinham contato com apenas uma pessoa, responsável por levar os mantimentos, sempre armada e usando uma máscara que ocultava seu rosto.

 

A deflagração da Operação Libertatis contou com o apoio do Ministério Público do Trabalho e da Receita Federal. A ação tinha como objetivo o cumprimento de quatro mandados de busca e apreensão, expedidos pela 7ª Vara Criminal Federal do Rio de Janeiro, em diversas localidades do município de Duque de Caxias. Em julho do ano passado, em Campos Elísios, também em Duque de Caxias, outra fábrica clandestina de cigarros já havia sido estourada pela Polícia Federal. No local, foram encontrados um brasileiro e 23 cidadãos paraguaios que trabalhavam sob regime análogo à escravidão. Eles foram libertados com a chegada da polícia.

 

No galpão, os investigadores encontraram mais de 500 caixas de cigarros que eram produzidos diariamente de forma ilegal. A perícia foi realizada, os materiais foram apreendidos e o maquinário, removido. Os trabalhadores contaram aos policiais que saíram de Ciudad Del Este, no Paraguai e viajaram de ônibus primeiro para São Paulo, de onde pegaram outro ônibus para o Rio. Eles foram atraídos pela quadrilha com a promessa de emprego pelo período de quatro meses, com pagamento de salário de R$ 3 mil. Depois de três meses na cidade trabalhando em condições análogas à escravidão, só o que receberam foi R$ 500.

 

 

Alojamento onde os trabalhadores foram encontrados — Foto: Divulgação

Fotos:Reprodução

 

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O dinheiro não era pago diretamente a eles. O combinado era depositar o pagamento na conta de familiares das vítimas. Ao chegarem em São Paulo, os celulares foram confiscados e ninguém mais conseguiu se comunicar com a família. Eles trabalhavam de domingo a domingo, durante o dia e à noite. Os alojamentos não tinham ventilação ou janelas e a área reservada pela alimentação continha marcas de sujeira nas paredes. Um banheiro coletivo era utilizado pelo grupo no local. 

 

Fonte:Extra

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