Em casos de tumor localizado com progressão reduzida, monitoramento constante é aconselhado
Entre os anos de 2023 e 2025, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que 71,7 mil novos casos de câncer de próstata serão conhecidos a cada 12 meses. Trata-se do tumor mais comum entre homens no país.
Para uma parcela desses diagnosticados, porém, é possível que a conversa sobre a detecção da doença seja seguida de uma orientação: observar periodicamente o quadro de saúde do paciente e só optar pela radioterapia e a cirurgia — as estratégias de cuidado comum para esse tipo de câncer — quando for realmente necessário e não no momento imediato após a detecção.
Essa abordagem de cuidado com o câncer de próstata tem nome: vigilância ativa. E como a nomenclatura sugere, requer visitas periódicas ao oncologista e urologista para avaliar se o quadro segue sob controle, e sem causar risco iminente ao paciente. Esse tipo de abordagem, explicam especialistas, é segura e dedicada a tipos específicos de paciente.
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— É uma modalidade terapêutica. A maioria dos pacientes, algo próximo a 70% ainda é diagnosticado com câncer de próstata localizado (que não se espalhou para outras partes do organismo). Dentro dessa fatia, uma parte relevante ainda tem câncer de baixo risco de progressão, que é a tendência que a doença fique restrita na próstata por algum tempo — explica o urologista e especialista em cirurgia robótica da rede Oncoclínicas André Berger. — São esses que podem ter a indicação da vigilância ativa.
Que consiste em acompanhar e monitorar esses homens constantemente, para que o tratamento seja feito somente diante da progressão da doença.Trata-se de uma terapêutica cada vez mais comum nos consultórios, conforme mostra uma pesquisa recente publicada no respeitado periódico Jama Network, no ano passado.
De acordo com a análise, em 2010 menos de 10% dos homens com o diagnóstico de câncer de próstata adotavam esse tipo de abordagem no consultório. Anos adiante, em 2014 esse número saltou para 26,5% e tornou-se maioria (59,6%) em 2021. Para todos esses pacientes, explicam os especialistas, o grande trunfo é atrasar o tratamento o máximo possível, sem prejuízo ao bem-estar, e afastando os efeitos colaterais que podem ser decorrentes do tratamento do tumor.
Fotos:Reprodução
Ao longo desse período, são necessários exames clínicos e laboratoriais recorrentes. A ideia é que médico e paciente estejam atentos à evolução do tumor, se ela ocorrer. No geral, as consultas para monitoramento ocorrem duas a três vezes por ano, a depender do quadro.— No caso do câncer de próstata, aprendemos com o passar dos anos que uma parte relevante dos pacientes com a doença não tem quadros graves. E eventualmente não precisa ser tratado. Mas isso não quer dizer que você manda o paciente embora e nunca mais vê— afirma Carlos Dzik, oncologista da Dasa. — A gente mantém esse paciente em contato constante com o consultório, faz biópsias, faz exames.
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O grande trunfo nessa abordagem, explicam os especialistas, é a possibilidade de retardar o máximo possível o contato com possíveis efeitos adversos do tratamento.— Com a retirada da próstata ou a radioterapia, o paciente pode ter alteração na sua rotina sexual, com disfunção erétil, e na micção. Alguns pacientes ficam com incontinência urinária, o que pode ser um caso sério. Poder adiar ou não fazer essas estratégias, quando seguro, pode ser uma coisa boa — afirma Dzik.
Fonte: Tv Foco