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18/10/2023

Vírus zumbi: conheça 6 vírus que estão acordando após 50 mil anos devido ao aquecimento global

Foto: Reprodução

Todos são considerados patógenos gigantes, ou seja, que são visíveis a partir de microscópios, e infectam amebas

Uma equipe de cientistas franceses está há anos estudando os chamados ‘vírus zumbis’, patógenos adormecidos há mais de 50 mil anos que podem voltar à vida e infectar humanos devido ao aquecimento do planeta e, consequentemente, ao derretimento das calotas polares que estão congelados.

 

Os cientistas são liderados pelo virologista Jean-Michel Claverie, 73 anos, passou mais de uma década estudando vírus “gigantes”, incluindo aqueles com quase 50 mil anos encontrados nas profundezas das camadas do permafrost da Sibéria.

 

Ano passado, o cientista e sua equipe, fizeram uma investigação extraindo vários vírus antigos do permafrost e todos eles eram prejudiciais à saúde e infecciosos — foram ao todo 13 novos vírus, incluindo um congelado debaixo de um lago há mais de 48.500 anos. Confira alguns dos principais vírus que os profissionais encontraram congelados:

 

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A maioria dos vírus isolados das antigas camadas do permafrost são pertencentes à família Pandoraviridae. Segundo os cientistas, eles são os vírus gigantes encontrados mais enigmáticos, com os maiores genomas virais conhecidos e possuem a maior proporção de genes codificadores de proteínas de origens desconhecidas.

 

Entre os vírus encontrados desta família está o pandoravirus yedoma — o mais antigo a ser revivido a partir do permafrost até hoje. Com 48.500 anos, o Pandoravirus yedoma estava nos depósitos gelados no fundo de um lago de Yekuchi Alas, no extremo leste da Rússia. O formato da partícula do P. yedoma é oval, medindo cerca de 1 micrômetro de comprimento.

 

Da mesma família também foi encontrado o Pandoravirus mammoth — vírus gigante que só infecta amebas, também tendo formato de ânfora, mas se diferenciando dos outros patógenos pelo seu tamanho — 1,2 micrômetros de comprimento. Ele foi descoberto a partir de uma amostra congelada de lã de mamute do rio Yana.

 

Este foi o primeiro vírus da família Mimiviridae descoberto no permafrost. Eles foram os primeiros classificados pela ciência como vírus gigantes — ou seja, com partículas visíveis por microscopia óptica — depois que foram descobertos na água de uma torre de resfriamento em Bradford, na Inglaterra, em 1992. Inicialmente considerada associada exclusivamente a hospedeiros amebais, a família Mimiviridae diversificou-se enormemente e agora inclui muitos membros divergentes que infectam uma variedade de microalgas.

 

Elas têm formas 0,5 micrômetro de diâmetro, encapsuladas em facetas triangulares idênticas de 20 lados.

 

Esse vírus foi descoberto recentemente no permafrost e também infectam amebas. Eles são parentes distantes dos vírus africanos da febre suína, da família Asfarviridae. Ele é o terceiro membro da família a ser descoberto e a primeira linhagem a ser extraída do permafrost, vindo dos restos intestinais congelados de um lobo siberiano (Canis lupus) de 27.000 anos.

 

Ao contrário de outros vírus verdadeiramente gigantes e apesar de ser considerado umvírus gigante, o pacmanvirus tem apenas 0,2 micrômetros de comprimento, sendo invisível sob as lentes de um microscópio ótico.

 

Seu nome é uma clara homenagem ao protagonista do jogo Pac-Man e foi dado porque, quando quebrada, a cadeia de proteína que forma sua casca parece uma boca aberta.

 

Existem dois tipos desse vírus encontrado no permafrost. O primeiro é o pithovirus mammoth, descoberto da mesma amostra pré-histórica de lã de mamute que encontraram o Megavirus mammoth e o Pandoravirus mammoth. Esta linhagem é a segunda de pithovírus encontrada na história, isolada a partir de uma amostra de 27.000.


O segundo é o Pithovirus sibericum, um dos maiores vírus já encontrados, com 1,5 micrômetros de comprimento — o mesmo que uma pequena bactéria. A amostra de permafrost da qual o P. sibericum foi retirado foi extraída em 2000 em Kolyma, no extremo leste da Rússia.

 

Embora os pithovirus produzam grandes partículas ovóides como as dos Pandoravírus, eles são facilmente distinguíveis graças a várias características morfológicas. Com uma partícula grande e alongada de 2 micrômetros de comprimento, eles também só infectam amebas.

 

Os cedratvírus são um subgrupo da família pithovírus. Eles também fazem parte dos vírus gigantes que infectam amebas. O Cedratvirus lena, especificamente, foi extraído do permafrost dos bancos enlameados do rio Lena, medindo cerca de 1,5 micrômetros. As outras linhagens encontradas na Rússia são a C. kamchatka, da península de mesmo nome, e C. duvanny, das lamas do rio Kolyma, que fluíram por conta do derretimento e mistura do permafrost de diversas idades geológicas.


O Mollivirus sibericum foi encontrado em uma amostra de permafrost siberiano com 30.000 anos. Ele também faz parte dos vírus gigantes que podem ser visíveis em um microscópio ótico tendo de 0,6 a 1,5 micrômetros de diâmetro.

 

O M. sibericum não oferece perigo a qualquer animal, incluindo os humanos. Entretanto, como outro vírus foi encontrado junto a ele (ithovirus sibericum), os pesquisadores acreditam que outros patógenos dormentes podem estar escondidos no gelo.

 

Claverie mostrou pela primeira vez que vírus “vivos” poderiam ser extraídos do permafrost siberiano e revividos com sucesso em 2014. Por razões de segurança, sua pesquisa se concentrou apenas em vírus capazes de infectar amebas, que estão suficientemente distantes da espécie humana para evitar qualquer risco de contaminação inadvertida.


Ele, entretanto, adverte que a escala da ameaça à saúde pública que as descobertas indicaram foram subestimadas.

 

— 50 mil anos atrás no tempo nos levam à época em que o Neandertal desapareceu da região. Se os neandertais morressem de uma doença viral desconhecida e este vírus ressurgisse, poderia ser um perigo para nós —explica o cientista.

 

Os cientistas garantem que, por enquanto, não há motivos para pânico. Segundo eles, o risco de exposição humana aos vírus antigos é muito baixo. O Ártico, onde está localizado o permafrost, é um local pouco povoado e eles não sabem se osvírus congelados continuariam infecciosos quando expostos às condições de hoje em dia ou se eles encontrariam um hospedeiro apropriado.

 

Mas vale lembrar que, até o ano de 2019, a Covid-19 era um vírus desconhecido e novo, e nenhum cientista ou humano estava preparado para a devastação e letalidade dele. Além disso, em julho deste ano, uma equipe reanimou com sucesso uma lombriga de 46 mil anos do permafrost siberiano, apenas reidratando-a.

 

O permafrost, solo que já foi repleto de vida animal, oferece as condições perfeitas para a preservação da matéria orgânica: é natural, escuro, desprovido de oxigênio e permite muito pouca atividade química. Na Sibéria, pode atingir até um quilómetro de profundidade — o único lugar no mundo onde o permafrost desce tão longe – e cobre cerca de dois terços do território russo. Descobriu-se que apenas um grama abriga milhares de espécies de micróbios adormecidos, de acordo com um artigo publicado na revista Nature em 2021.

 


Alguns cientistas também temem a exploração da região aumentando a possibilidade de interação humana com um antigo agente patogênico que poderia ser prejudicial à saúde. Segundo Claverie, “caçar a próxima grande ameaça para a humanidade poderia inadvertidamente propagar o perigo”.

 

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As grandes organizações também estão a acordar para este risco. No início deste mês, a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional abandonou o seu projeto de 125 milhões de dólares para caçar vírus no Sudeste Asiático, África e América Latina que poderiam potencialmente infectar seres humanos, devido a preocupações de que a própria investigação pudesse desencadear uma pandemia.

 

Fonte: O Globo

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