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03/03/2021

Vladmir Demikhov e o experimento que criou u cão de duas cabeças

Foto: Reprodução

Depois que seu pai morreu, Demikhov lutou junto com a mãe para conseguir se sustentar e frequentar a escola, apesar da situação financeira muito difícil.

A mãe de Vladimir P. Demikhov sempre soube que o filho estava destinado a algo maior. Nascido em 18 de julho de 1916, ele era um dos três filhos do casal de camponeses Demikhov Peter Yakovlevich e Domnika Alexandrovna, e morava no vilarejo de Yarizenskaia, na cidade russa de Voronezh na época da então União Soviética.

 

Depois que seu pai morreu, Demikhov lutou junto com a mãe para conseguir se sustentar e frequentar a escola, apesar da situação financeira muito difícil. Até que, em 1934, ele saiu de casa para estudar biologia na Universidade de Moscou. Três anos mais tarde, o jovem Demikhov já projetava seu primeiro dispositivo mecânico de assistência cardíaca que poderia assumir a função do coração por cerca de 5 horas. Nessa época, ele já usava animais, principalmente cachorros, para realizar esse tipo de experimentação.

 

À princípio, o ato de extirpar o animal vivo não foi o que incomodou a comunidade científica daquele tempo, muito pelo contrário, mas sim a natureza da prática de implantação de um coração artificial. Demikhov, por sua vez, não se importou com as críticas, pois ele era novo, cheio de ideias e queria causar uma verdadeira revolução.

 

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Em 1940, Demikhov se formou, porém continuou na instituição trabalhando como assistente no Departamento de Fisiologia. Lá, ele transplantou um coração para a região inguinal de um cachorro, onde percebeu que o órgão só poderia funcionar ativamente quando é transplantado para o tórax.

 

O transplantador

 

(Fonte: Famous People/Reprodução)

 

Com o início da Segunda Guerra Mundial, as pesquisas do jovem cientista foram interrompidas e ele teve que servir como patologista em um hospital de guerra. Foi o primeiro contato de Demikhov com os horrores da guerra, testemunhando os soldados que chegavam mutilados e aqueles que cometiam suicídio por não aguentarem o medo e a pressão do combate. Atentar contra a própria vida era considerado um crime de guerra, por isso Demikhov foi recrutado também como perito forense pelo exército soviético para analisar a taxa de óbitos nos acampamentos. Ele teve que mentir para salvar as vidas dos soldados que estavam destruídos psicologicamente, colocando a própria vida em risco.

 

Os hospitais de guerra só serviram para que aumentasse a vontade de Demikhov de tentar entender como os órgãos danificados podem ser substituídos e como criar substitutos artificiais.

 

(Fonte: Vice/Reprodução)

 

No início de 1946, ele conseguiu realizar transplantes intratorácicos de um coração e um par de pulmões juntos e de maneira bem-sucedida em um cão, tornando-se o primeiro procedimento dessa natureza a ser realizado em um mamífero. Em 30 de junho daquele ano, Demikhov assistiu um dos cachorros viver por quase 10 horas com coração e pulmões transplantados. Depois, ele realizou um transplante de fígado e rim em cães e gatos, sendo que alguns deles sobreviveram por apenas um mês. Quando realizou um experimento com o desvio das artérias coronárias, quatro cães submetidos ao procedimento sobreviveram por quase 2 anos.

 

Finalmente, o cientista sentia-se confiante o suficiente para evoluir para um experimento mais ousado, desafiador e bizarro: enxertar a cabeça de um cão no pescoço de outro, criando um cão de duas cabeças.

 

A terrível cirurgia

 

(Fonte: Mentes Curiosas/Reprodução)

 

Em 1954, o comitê soviético de revisão do Ministério da Saúde (MS) já havia determinado que o tipo de trabalho desempenhado por Demikhov era antiético, e ele foi ordenado que interrompesse seus projetos de pesquisa imediatamente. Contudo, o chefe do MS era o cirurgião responsável pelas Forças Armadas soviéticas, portanto permitiu que o cientista prosseguisse com seus estudos.

 

As duas cobaias escolhidas por Demikhov foram um pastor alemão de rua, que o cientista chamou de Brodyaga ("vagabundo" em russo), o cão hospedeiro que receberia em seu pescoço a cabeça da cadela Shavka, de 9 anos.

 

(Fonte: South China Morning Post/Reprodução)

 

O horrível procedimento começou com uma incisão na base do pescoço de Brodyaga, de modo que expusesse a veia jugular, a aorta e um segmento da coluna vertebral. Para o primeiro passo, Demikhov levou 40 minutos para fazer dois furos na parte óssea de uma das vértebras e introduzir dois fios de plástico, um vermelho e outro branco, em cada um dos buracos.

 

(Fonte: All That's Interesting/Reprodução)

 

Depois, Shavka foi sedada e teve seu corpo amputado das patas dianteiras para baixo, mantendo seu coração e pulmões ativos até segundos antes de ter os vasos sanguíneos principais de sua cabeça conectados ao corpo de Brodyaga através do pescoço dele.

 

A cirurgia durou apenas 3h30 devido à experiência da equipe e condução rápida e minuciosa de Demikhov. Quando o cachorro de duas cabeças recuperou a consciência, a cabeça intrusa acordou e bocejou normalmente. À princípio, Brodyaga tentou se desvencilhar do que havia em seu pescoço, mas depois acabou se acostumando.

 

O gênio controverso

 

(Fonte: Pinterest/Reprodução)

 

Foi constatado que Shavka manteve sua personalidade e, embora não tivesse mais o próprio corpo, ela era agitada e brincalhona como qualquer outra cachorra. Ela rosnou, latiu e até insinuou que lambia a própria pata. Por outro lado, Brodyaga parecia mais entediado com a agitação.

 

Ambas as cabeças ouviam, enxergavam, cheiravam e engoliam, embora a cabeça transplantada não estivesse conectada ao estômago de Brodyaga. Tudo o que ela bebia fluía através de um tubo de plástico externo e caía no chão, ou espumava na junção do pescoço do pastor alemão.

 

O cachorro de duas cabeças de Demikhov reagiu bem a todos os estímulos aos quais foi submetido, porém ele sobreviveu apenas por 3 semanas, com ambas as cabeças morrendo em função de um edema. Ao longo da década de 1960, Demikhov foi capaz de criar cerca de 20 cães de duas cabeças, que sempre morriam em poucos dias. Apenas um conseguiu viver por 29 dias, apesar de suas condições médicas.

 

(Fonte: Reddit/Reprodução)

Fotos: Reprodução

 

Os experimentos de Vladimir Demikhov entraram para a história da medicina experimental como uma das mais controversas do século XX, causando uma "onda" de indignação na comunidade médica e científica. O homem foi duramente criticado, xingado de açougueiro e até mesmo charlatão.

 

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Ainda assim, a relevância de Demikhov se tornou enorme com o passar dos anos, principalmente por ser corajoso o suficiente em explorar o desconhecido, ainda que fosse através de meios polêmicos e antiéticos. Um paradoxo sobre o cientista e sua contemporaneidade foi criado, em que alguns consideravam sua pesquisa cirúrgica algo inovador, e outros viam apenas como uma fantasia vulgar. 

 

Fonte: Mega Curioso

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