27 de Abril de 2024 - Ano 10
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28/06/2018

Plantações de maconha ameaçam pequeno mamífero da Califórnia

Foto: Charlotte Eriksson / Oregon State University

Região onde vive a marta de Humboldt é a maior produtora de cannabis dos EUA

A marta da Baía de Humboldt (Martes caurina humboldtensis), que habita o norte do estado americano da Califórnia e o sul do Oregon, enfrenta os desafios tradicionais da vida selvagem nos tempos modernos, como o risco de atropelamentos, redução do habitat e a caça.

 

Mas nos últimos anos, surgiu um novo inimigo que ameaça a própria existência da espécie: a indústria da maconha. Por esse motivo, o Departamento de Pesca e Vida Selvagem da Califórnia recomendou a inclusão deste pequeno mamífero na lista de animais ameaçados, medida vista como a última chance de salvação.

 

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Por causa da caça, as populações de martas de Humbolt foram praticamente exterminadas no século passado. Chegou-se a pensar que a espécie estava extinta, até ser redescoberta em 1996, na Floresta Nacional Six Rivers. Parentes das doninhas e mustelas, as martas de de Humbolt habitam florestas densas, onde troncos caídos e arbustos oferecem proteção contra predadores, como coiotes e gatos selvagens. A alimentação consiste em lagartos, pássaros, pequenos roedores, insetos e mel.

 

 

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— A atividade humana quase levou a marta à extinção — afirmou Tom Wheeler, diretor executivo do Centro de Informações sobre Proteção Ambiental. — Como a marta foi redescoberta, nós recebemos mais uma chance para salvá-la. E nós não podemos falhar dessa vez. Nós devemos isso às futuras gerações e à marta de Humboldt.


A estimativa é que existam menos de 400 indivíduos da espécie, sendo 200 deles em florestas no norte da Califórnia, espalhados por três condados no norte do estado que, infelizmente, estão na região conhecida como Triângulo Esmeralda, principal produtora de cannabis dos EUA. A produção de maconha explodiu a partir de 1996, com a liberação do uso medicinal da planta, e vem se intensificando com a liberação do uso recreativo e medicinal em outros estados.

 

As martas se alimentam de lagartos, insetos e pequenos

roedores (Foto: Mark Linnell/US Forest Service)


Para o plantio da maconha, clareiras são abertas no meio das florestas, reduzindo ainda mais o habitat das martas. A espécie está restrita agora a apenas 5% do território que historicamente ocupou. Apenas no condado de Humboldt a estimativa é que existam entre 4 mil e 15 mil plantações de cannabis em propriedades privadas e áreas públicas ou indígenas invadidas ilegalmente.

 

E essa não é a única ameaça. Para afastar ratos e outros roedores que causam prejuízo com a destruição dos sistemas de irrigação, alguns produtores fazem uso constante de rodenticidas anticoagulantes. Esses pesticidas altamente tóxicos são inseridos na cadeia alimentar, matando as pragas, mas afetando também seus predadores, como pássaros e mamíferos como a marta.


Não existem estudos específicos sobre a contaminação de martas, mas pesquisa recente sobre duas espécies de corujas, Strix occidentalis e Strix varia, mostraram que de todos os espécimes encontrados mortos, 70% e 40%, respectivamente, apresentavam sinais de contaminação. Entre pequenos mamíferos, 85% dos Pekania pennanti — um parente das martas — encontrados mortos na Califórnia tinham vestígios de rodenticidas.
— É como se todos comprassem no mesmo mercado — comentou Mourad Gabriel, do Centro de Pesquisas Integral Ecology, ao “Guardian”. — Nós temos claras evidências de que a cadeia alimentar das corujas está contaminada, e as martas vivem no mesmo habitat.


O Globo

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