Enviado ambiental de Joe Biden, John Kerry, durante visita a Xangai
Os governos da China e dos Estados Unidos soltaram, na noite deste sábado, um comunicado conjunto de seis pontos afirmando estarem "comprometidos a cooperar" diante da crise climática global. A nota foi divulgada no âmbito da visita do enviado climático do presidente Joe Biden, John Kerry, a Xangai, às vésperas da Cúpula de Líderes sobre o Clima, evento virtual organizado pela Casa Branca que reunirá 40 chefes de Estado e governo, entre eles o presidente Jair Bolsonaro.
Washington e Pequim, que disputam pela liderança global na diplomacia climática, afirmaram estar "comprometidos a cooperar entre si e com outros países para enfrentar a crise climática com a seriedade e urgência que ela exige", diz a nota assinada por Kerry e Xie Zhenhua, enviado especial da China para as mudanças climáticas.
Washington e Pequim também reafirmaram seu compromisso de limitar o aumento da temperatura global a 2oC acima dos níveis pré-industriais, como prevê o Acordo de Paris, e se comprometeram a agirem em conjunto para tentar limitá-la a 1,5oC, considerado o valor máximo antes de mudanças catastróficas. Para isso, será necessário alcançar a neutralidade de carbono (ou seja, um saldo de emissões igual a zero) até 2050.
Veja também
Após suspender voos, França acirra mais restrições para viajantes brasileiros
Imagem da rainha sentada sozinha em funeral do marido comove o mundo. VEJA
O objetivo mais ambicioso foi ressuscitado por Biden, que busca usar a cúpula da semana que vem para convencer as outras nações a assumirem compromissos mais contuntendes antes da COP-26, cúpula climática da ONU que acontecerá em novembro, em Glasgow, na Escócia. Responsável sozinha por 28% dos gases causadores de efeito estufa emitidos no planeta, prometeu no ano passado atingir a neutralidade de carbono até 2060.
Os EUA são os segundo maiores poluentes, sendo responsáveis por 12% do total das emissões. Buscando servir como exemplo, a Casa Branca deverá anunciar durante sua conferência uma meta atualizada para reduzir suas emissões em 50% até o fim desta década, quase o dobro do anteriormente prometido.
Em seu comunicado, Kerry e Xie se comprometeram a criar estratégias de longo prazo para chegar à neutralidade e apresentá-las até a COP-26. Também disseram que irão apoiar a transição de países emergentes para formas de energia limpas "sempre que possível", sem especificar como.
Eles afirmaram ainda que tomarão medidas para reduzir a emissão de hidrofluorcarbonetos e se comprometeram a continuar o debate após a cúpula da ONU sobre "planos de ação detalhados para a redução das emissões" até 2030 mirando os objetivos firmados no âmbito do Acordo de Paris. No pacto de 2015, os países se comprometeram com metas voluntárias para reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa.
Os obstáculos para uma maior colaboração sino-americana, contudo, esbarram na própria disputa de ambos os países pela liderança no tópico ambiental, e Pequim não parece estar disposta a deixar Washington assumir a dianteira. Sinal disso veio na sexta, quando o porta-voz da Chancelaria de Pequim, Zhao Lijian, disse a repórteres que os americanos são responsáveis por atrasar o cumprimento do Acordo de Paris e deveriam “deveriam ter vergonha” de tê-lo abandonado.
Curtiu? Siga o PORTAL DO ZACARIAS no Facebook, Twitter e no Instagram.
Entre no nosso Grupo de WhatApp.
Em junho de 2017, o governo do ex-presidente Donald Trump retirou Washington do pacto, afirmando que seus termos “prejudicariam” a economia americana e iriam pôr o país em “desvantagem permanente”. Horas depois de sua posse, em 20 de janeiro deste ano, Biden retornou ao acordo e, desde então, tenta ativamente transformar os EUA em uma liderança na ação contra a crise global.
Fonte: O Globo