Gerente de fazenda na BR-319, mesmo preso, nunca revelou onde corpos de trabalhadores rurais assassinados teriam sido enterrados

* POR XICO NERY - Com investigações não informadas aos familiares desde de 2017, os assassinatos dos dirigentes da Associação dos Produtores Rurais das Comunidades da Região do Igarapé Arara (ASPROCRIA), a apuração ao que parece não terá continuidade por parte das autoridades federais e estaduais.

Flávio Lima de Souza, Marinalva Silva de Souza e Jairo de Souza da Silva, que,segundo informações dos autos do inquérito policial, à época, ‘foram emboscados por uma equipe de funcionários da ex-Fazenda Shalon, hoje, Fazenda Rondônia, localizada no quilómetro 45 da BR-319”em direção à cidade de Humaitá.

De acordo com um dos membros da entidade à qual pertenciam as vítimas, “até, agora, apenas a Polícias Civil de Rondônia e do Amazonas teriam agido nas investigações que culminaram com a prisão do te da fazenda Antonio Mijoler Garcia Filho”, cujos corpos das vítimas não teria confessado onde foram enterrados .

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Principal suspeito em autorizar uma verdadeira “caçada” aos trabalhadores rurais que, no dia do desaparecimento das vítimas, tinham estado na Gerência Avançada do INCRA, em Humaitá, Antônio MIjoler, foi preso em Porto Velho pelo delegado da Polícia Civil do Estado de Rondônia, Paulo Kackiones.

Outro envolvido no crime, o “segurança”da antiga Fazenda Shalom (hoje, Fazenda Rondônia), Rinaldo da Silva Mota, segundo policiais rondonienses, “continuaria foragido e, possivelmente, homiziado numa propriedade do ex-patrão no interior de Goiás”.

Dois outros suspeitos, de acordo com antigos moradores da região do Igarapé Arara e do Projeto de Assentamento São Francisco, “continuam dentro da fazenda, que mudou de nome para Fazenda Rondônia”. O empreendimento pertenceria a um grupo imobiliário de São Paulo com filial na cidade de Ariquemes (RO).

TRISTE HISTÓRICO

Ao menos quatro décadas lideranças agrárias, ambientais e indígenas do Sul do Estado do Amazonas vem sendo , praticamente expulsos de suas propriedades por madeireiros, fazendeiros e plantadores de soja, a maioria oriunda dos estados de Mato Grosso, Paraná , Santa Catarina e Rio Grande do Sul - considerados o berço do agronegócio bovino, madeireiro e da sojicultura do País.

Segundo analistas que acompanham o avanço, feroz e voraz, do agronegócio no Sul do Amazonas, “a situação já era grave em décadas passadas, agora, nos últimos quatro anos, o ranking de perda de territórios pertencentes as nativos, seringueiros, soldados da borracha e indígenas, mais que dobrou nesse período”.

Apesar de outras chacinas de trabalhadores rurais, lideranças indígenas, agrárias e ambientais ainda virem ocorrendo no Sul do Estado (Lábrea, Canutama, Humaitá e Apui), principalmente em terras pertencentes à União - onde o INCRA e órgãos de controle federais deveriam atuar -, ultimamente, a maioria das denúncias continuam sendo arquivadas, dizem dirigentes da ASPROCRIA (Associação dos Produtores Rurais das Comunidades da Região do Igarapé ARARA).

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* FRANCISCO NERY é Produtor Executivo de Rádio, Jornal e TV e ex-Repórter do Jornal A NOTICIA, Diário do Amazonas, O Povo do Amazonas, Rede Amazônica de Rádio e Televisão (AM) e atuou na Amazônia Orienta e Ocidental Brasileira.