Com a chegada do Mounjaro ao mercado brasileiro, muitos se perguntam qual medicamento é mais eficaz para a perda de peso, Mounjaro, Wegovy ou Ozempic? Um estudo apresentado neste domingo no Congresso Europeu de Obesidade (ECO) e publicado simultaneamente na revista científica New England Journal of Medicine buscou responder essa pergunta e concluiu que se trata do Mounjaro.
Os resultados do estudo SURMOUNT-5 mostram que os participantes tratados com a tirzepatida (princípio ativo do Mounjaro) alcançaram uma redução média de peso de 20,2% em comparação a 13,7% com a semaglutida (princípio ativo do Ozempic), em 72 semanas.
Isso corresponde a uma perda de peso relativa 47% maior. Em média, os pacientes em uso de tirzepatida perderam 22,8 kg, enquanto os que estavam em uso de semaglutida perderam 15 kg.
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Em dezembro do ano passado, a Eli Lilly, farmacêutica fabricante do Mounjaro, já havia divulgado resultados preliminares deste estudo. Mas só agora o trabalho foi publicado na íntegra.
Em um desfecho secundário do estudo, o Mounjaro alcançou resultados superiores em todas as metas de redução de peso corporal, com 64,6% dos participantes em uso de tirzepatida alcançando pelo menos 15% de perda de peso, em comparação com 40,1% daqueles tratados com semaglutida.
Além disso, os participantes tratados com tirzepatida alcançaram uma redução média superior de circunferência abdominal de 18,4 cm, enquanto os tratados com semaglutida tiveram uma redução média de 13 cm.
Os efeitos colaterais relatados no estudo comparativo foram semelhantes aos já apresentados em trabalhos anteriores. Dessa forma, os eventos adversos mais comumente relatados tanto para tirzepatida quanto para semaglutida foram relacionados ao trato gastrointestinal leves a moderados.
Durante o estudo, 6,1% dos participantes que tomaram tirzepatida descontinuaram o tratamento devido a eventos adversos, em comparação com 8% dos participantes que tomaram semaglutida. No entanto, o estudo não foi projetado para comparar a segurança e a tolerabilidade de tirzepatida com as de semaglutida.
Foram recrutados para o estudo 751 participantes dos EUA e de Porto Rico que tinham obesidade ou sobrepeso junto a uma comorbidade como hipertensão, dislipidemia, apneia do sono ou doença cardiovascular. Os voluntários foram divididos em dois grupos, em que um recebeu a dose máxima tolerada da tirzepatida (10 mg ou 15 mg), e o outro a maior da semaglutida (1,7 mg ou 2,4 mg). Eles foram acompanhados ao longo de 72 semanas, cerca de um ano e meio.
É importante ressaltar que as doses de Mounjaro analisadas no estudo ainda não estão disponíveis no Brasil. Neste primeiro momento, estarão disponíveis no país apenas as doses de 2,5 mg e 5 mg, que correspondem às doses iniciais de tratamento para diabetes.
De acordo com o Luiz André Magno, diretor médico sênior da Eli Lilly do Brasil, a dosagem é eficaz para a redução da hemoglobina glicada e peso corporal e, portanto, para o controle da diabetes.
A Lilly afirmou que está trabalhando para trazer as outras doses ao país assim que possível. A farmacêutica também aguarda a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para indicação do medicamento para o tratamento de obesidade. Atualmente, o Mounjaro está liberado no Brasil apenas para o controle do diabetes tipo 2.Magno acredita que os resultados de estudo como o SURMOUNT-5 reforçam o potencial da molécula para obesidade.
"Temos mais de um bilhão de pessoas que vivem com obesidade no mundo e, no Brasil, um em cada quatro adultos têm obesidade. Essa doença crônica é um grande desafio de saúde pública - temos estudos que mostram mais de 200 complicações relacionadas.
Por isso, novos tratamentos com resultados tão positivos são importantes para contribuir para a vida de quem convive com essa doença tão prevalente", afirma em comunicado.
A tirzepatida e a semaglutida são chamadas de análogos de GLP-1 pois simulam a atuação do hormônio de mesmo nome. Existem receptores dele em diversas partes do corpo humano: no pâncreas, por exemplo, essa interação aumenta a produção de insulina, o que é benéfico para os pacientes com diabetes.
Já no estômago, o GLP-1 reduz a velocidade da digestão da comida e, no cérebro, ativa a sensação de saciedade. Esses mecanismos levam a pessoa a sentir menos fome e, consequentemente, reduzir as calorias ingeridas por dia e perder peso.
A semaglutida simula apenas o GLP-1, porém a tirzepatida é uma nova geração que tem o diferencial de ser um duplo agonista, simulando também um outro hormônio intestinal chamado GIP. Existe ainda uma nova categoria em testes chamada de triplo agonista.
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Testes iniciais com a retatrutida, da Eli Lilly, têm apontado para uma eficácia ainda maior para o tratamento da obesidade. Além do GLP-1 e do GIP, ela simula também o hormônio GCC.
Fonte: O Globo