Jair Bolsonaro
*Por Lúcio Carril - Todo mundo conhece a afirmação "O Homem é um Animal Político", dita por Aristóteles lá pelo século IV a.C. Com esta assertiva o filósofo colocava a ética no mesmo campo da política, entendendo esta como ação em busca do bem comum desenvolvida na polis.
Muitos séculos se passaram e um florentino chamado Nicolau Maquiavel resolveu separar as coisas, dando à política um estatuto empírico voltado ao poder, onde os fins justificam os meios (termo bastante conhecido). Com isso, a ética se apartou da política e com ela o princípio fulcral do bem comum a ser buscado na polis.
No entanto, o debate permaneceu e a ética na política é um assunto sempre em pauta, tendo em vista fazer da política uma ação voltada para o bem de todos.
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Ora, mas o Estado, a transfiguração real da política e do poder, deve ter uma ética como referência de aceitação de todos. Neste caso, a democracia e o estado de direito podem ser entendidos como um valor de alcance coletivo.
E o que seria a não-ética na política? Justamente a negação desses valores e a instrumentalização do poder (Estado) para atender interesses individuais, através de práticas banais como a corrupção e o que conhecemos como cartorialismo.
Nesta perspectiva, quando a democracia e o estado de direito são enfraquecidos na política a ética entra pelo cano, fortalendo as práticas nocivas ao bem comum dentro do Estado. Ou seja, num exemplo específico podemos concluir que a corrupção aumenta num estado político de exceção.
Chego até aqui para dizer que a conduta autoritária e de negação das normas, leis e procedimentos que regem o Estado democrático avalizam práticas como a corrupção e vilipendiam os interesses coletivos.
Concluo trazendo o debate para nossos dias, depois desta breve viagem por alguns séculos de pensamento, e digo que a corrupção no governo Bolsonaro e o desrespeito às normas do estado de direito democrático deslocam a política do campo do bem comum para o campo da profunda estupidez. Em outras palavras, Bolsonaro é corrupto ao promover esta prática: corrompe a política, corrompe o Estado e corrompe a moral.
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*Lúcio Carril é sociólogo, ex-secretário executivo da Secretaria de Política Fundiária do Estado do Amazonas, ex-delegado federal do Ministério do Desenvolvimento Agrário e especialista em gestão e políticas públicas pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.