06 de Maio de 2024 - Ano 10
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12/05/2022

OPINIÃO: Sobre pesquisas eleitorais e o negacionismo científico

Foto: Reprodução

* Por Lúcio Carril - As pesquisas eleitorais cumprem um papel importante na democracia. Elas dão força ao debate e envolvem a sociedade na disputa do pleito. Refletem um momento, mas servem como indicadoras da vontade popular. Conforme se aproxima a eleição, as pesquisas passam a ser o centro das atenções.

 

Mas entra eleição sai eleição, as pesquisas e os institutos que as produzem são vítimas constantes de um negacionismo generalizado. Conforme os números oscilam, as torcidas dos candidatos se posicionam, sem qualquer elemento crítico, como análise da metodologia, base amostral, etc. Se o resultado é favorável ao meu candidato, o levantamento está certo e tem credibilidade, mas se for desfavorável é pesquisa comprada pelo adversário principal.

 

Esse negacionismo não tem classe ou estrato social. Vai do letrado ao iletrado. É um Império do senso comum na sua versão mais grosseira.

 

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É claro, há uma certa contribuição dos institutos de fundo de quintal, criados para coletar moedas às custas de resultados manipulados. Isso ajudou a construir uma visão distorcida das pesquisas, mas não é seu objeto causal. O que se impõe mesmo é a ignorância sobre a construção do trabalho e o domínio do sentimento eleitoral, tomado pela emoção a favor do seu candidato.

 

É bom ressaltar, a título de informação, que as pesquisas eleitorais são feitas com critérios científicos, se instrumentalizando de método, recorte epistemológico, estatísticas, relatório, etc. Qualquer discordância dos seu resultados deve ter o mesmo abrigo técnico-científico.

 

Neste ano eleitoral tenho visto uma polêmica a mais nas hostes negacionistas, referente às pesquisas coletadas por telefone.

 

No Brasil, há hoje 12 institutos nacionais de pesquisas de opinião, empresas estruturadas que atingem todas as capitais e mais cerca de 200 grandes municípios. 6 dessas utilizam a metodologia de coleta de dados por telefone e as outras 6 continuam na técnica do levantamento presencial, casa a casa ou em áreas de grande fluxo e aglomeração, como é o caso do Instituto DataFolha.

 

A técnica de coleta de dados por telefone não é uma inovação das empresas brasileiras. Nos EUA e na Inglaterra já é feita há décadas.

 

Qual a principal razão da imposição desse tipo de abordagem? Chama-se verticalização das cidades.

 

Aqui em Manaus, por exemplo, a cidade teve um pico no seu crescimento vertical, o que é comum com a diminuição dos espaços urbanos. Num prédio você abriga dezenas de famílias, numa pequena área territorial. E o problema para a pesquisa porta a porta está aí. O pesquisador não consegue entrar no condomínio, mesmo nos horizontais. Esses tipos de moradias vêm aumentando até mesmo em bairros populares.

 

Outro problema para a pesquisa presencial é o domínio do crime organizado. Têm manchas inteiras dentro de bairro onde você não entra sem o consentimento do chefe do tráfico. E se alguém entrar, inadvertidamente, pode ser morto.

 

Nessa perspectiva, a pesquisa eleitoral por telefone chegou ao Brasil para ficar. Temos cerca de 240 milhões de aparelhos de telefonia celular espalhados por todo território nacional. Há uma abrangência significativa, que enseja o desenvolvimento de metodologias adequadas para diminuir margem de erro e aumentar a capacidade de alcance de acordo com a população e seus estratos. E isso já está sendo feito. 

 

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*Lúcio Carril é sociólogo, ex-secretário executivo da Secretaria de Política Fundiária do Estado do Amazonas, ex-delegado federal do Ministério do Desenvolvimento Agrário e especialista em gestão e políticas públicas pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.

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