Paciente gay com suspeita de varíola dos macacos relata preconceito em UPA em Santo André
A prefeitura de Santo André anunciou neste sábado (30) que afastou o médico que foi acusado de preconceito no atendimento a um paciente gay com suspeita de varíola dos macacos. A prefeitura informou que, "assim que tomou conhecimento dos fatos, iniciou processo de apuração" e que, "durante este processo, o médico permanecerá afastado dos plantões nos equipamentos municipais de saúde".
O ator Matheus Góis, de 23 anos, relatou ter sido vítima de homofobia durante o atendimento médico em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Santo André, na Grande São Paulo, na segunda-feira (25). Mesmo após negativa, o médico insistiu em querer saber se ele era portador do vírus HIV, e questionou se ele tinha certeza de sua condição.
O caso ocorreu na UPA Central de Santo André, onde o paciente esteve após ser encaminhado pelo Centro Médico de Especialidades da Vila Vitória, também em Santo André.
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Matheus foi direcionado à UPA Central após uma médica do Centro de Especialidades informá-lo da suspeita de monkeypox, também conhecida como varíola dos macacos, já que o Centro de Especialidades não tem testes para esse tipo de diagnóstico.
Em entrevista ao g1, Góis contou que o médico da UPA Central perguntou o que ele fazia no Centro Médico de Especialidades da Vila Vitória, e questionou se ele "tem doença", em referência à infecção pelo vírus HIV.
"A primeira pergunta que ele fez foi: o que você estava fazendo lá [no Centro de Especialidades]? Aí eu falei, nada, eu fui me consultar para fazer a testagem de sífilis. Aí ele falou: você tem doença? Qual é a sua sorologia?", contou Góis.
"Eu na mesma hora falei assim, ó, eu sou negativo, HIV negativo. Aí ele falou: 'tem certeza que você é? Porque se você estava lá [no Centro de Especialidades], você tem alguma doença? Eu perguntei assim: que doença?' Aí ele disse: 'é, doença, mas deixa pra lá, eu vou mandar para a enfermeira aqui, e ela vai saber resolver. E sai, sai, sai da minha sala, por favor, sai", contou o paciente.
O g1 questionou a prefeitura de Santo André sobre o atendimento recebido pelo paciente com suspeita de monkeypox na UPA Central. Em nota, a prefeitura disse que "lamenta o ocorrido" e que "se comprovada conduta preconceituosa, o médico será severamente punido".
Na última quarta, o diretor da Organização Mundial de Saúde (OMS) aconselhou que homens que fazem sexo com homens – como gays, bissexuais e trabalhadores do sexo – reduzam, neste momento, o número de parceiros sexuais para diminuir o risco de exposição à varíola dos macacos (monkeypox).
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Na fala de abertura em uma entrevista sobre a doença, Tedros Adhanom Ghebreyesus também reforçou que "estigma e discriminação podem ser tão perigosos quanto qualquer vírus e podem alimentar o surto".
Fonte: G1